E aos 9 o que muda são os pais.
Verdade.
Do ano passado para este pouco mudaste, o que é bom. Estás a chegar a uma idade em que não há grandes novas conquistas a cada dia, e aos poucos somos forçados a perceber que já não és o nosso bebé.
Talvez por isso tenha sentido, este ano, que fui confrontada com novos desafios. Ajudas com toda a vontade e queres fazer parte dos nossos planos. Tens sempre uma opinião a dar e fazes questão de que seja ouvida.
Continuas a ouvir mal e por isso temos de falar mais alto do que queremos e mais vezes do que queremos, mas isso é em tudo normal.
Este ano é para mim o ano dos valores, isto da maternidade não vem com instruções, por isso acabo por perceber que até aqui foi tudo sobre o que está bem e se pode fazer e o que está mal e não se pode fazer. Mas agora é a altura de te explicar porquê, e de te ajudar a fundamentar os teus valores.
Continuas aventureira e comunicativa e estás naquela idade em que tanto pode correr bem como dar para o torto. Mas contigo será sempre assim porque nenhuma das duas sabe o que está a fazer! Continuo o seguir o meu instinto, como sempre segui, e umas vezes deixo-te ir outras vezes nem tanto.
Foi também um ano de primeiras vezes: estiveste 10 dias longe de casa no campo de férias, já vais à mercearia sozinha, e tens autorização para andar de bicicleta pela aldeia sem nós.
A tua escola fechou e voltaste a ter de dizer adeus a grande parte dos teus amigos, mas em compensação ganhaste uma escola nova com uma biblioteca que tens usado com afinco, e amigos novos.
Mudaste outra vez de casa, e com esta mudança ganhaste um lugar onde ainda se pode brincar na rua, onde os vizinhos têm nome, e onde há muitas crianças da tua idade para brincar.
Foi também o ano em que te caiu esse dente teimoso que ostentaste durante tanto tempo ao lado de uma favola já bem robusta. Mas o mais engraçado é que viveste anos com um dente de leite ao lado de um definitivo sem que isso te parecesse incomodar. Mas lidaste mal com a diferença de tamanho entre os dois dentes definitivos há medida que o novo crescia. Vá-se lá entender!
Gostas muito de dizer que és pré adolescente. Não sei se o serás verdadeiramente, mas há momentos em que consigo ver em ti a mulher em que te vais tornar, e não te vou mentir, isso assusta-me um bocadinho porque estás a crescer mais depressa do que eu consigo acompanhar, e tu és o meu bebé.
Mas há de ser sempre assim. Há de me acompanhar para sempre esta ideia de que me tens pela mão, e me levas, e me acalmas como quem diz que vai correr tudo bem, como se os nossos papéis estivessem, desde o primeiro segundo, invertidos.
Não é fácil filha minha, mas vale muito a pena.
A mais um ano!