6 Anos de Mafalda

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Venceste mais um ano e por isso estás de Parabéns. Foi um ano de muitas mudanças com os dentes a cairem e a escola a começar a sério. Pelo caminho ganhaste mais uma irmã mas abraçaste a mudança como abraças tudo o resto à tua volta: com confiança e determinação.

Continuas a mesma criança doce de sempre. Continuas a falar de mais, quando deves e quando não deves. Aliás a tua maior dificuldade na habituação às aulas está, precisamente, em manteres-te calada no decorrer das aulas. Estás mais curiosa em relação ao mundo exterior e ao que te rodeia e socializar é para ti tão natural como respirar.

Queres mais autonomia e por isso já vais tomando banho sozinha, sempre que não te apetece antes brincar na banheira! Também queres participar na rotina da casa e já vais ajudando a por a mesa e a arrumar a cozinha. Gostas particularmente de mexer nas coisas de louça e de vidro, para me provares que consegues não as partir.

Desenhar continua a ser o teu passatempo preferido e revejo-me tanto em ti quando vou dar contigo a cortar e colar tudo o que te aparece à frente, a tua obcessão por fita cola e envelopes, por papel de embrulho e fitas e genericamente por todos os materiais aos quais consigas deitar a mão é genética. Nisso sais a mim. Revejo-te em mim e a mim na minha avó. Ao pé de ti os meus materiais e as minhas coisas não estão seguras, mas é bom ver-te tão criativa e sempre com tanta vontade de testares novos materiais e novas ideias, ainda que tenha de fazer o meu papel de mãe.

E já que falamos no papel de mãe tenho que te dizer que continuas a desafiar tudo até ao limite. Testas e testas até mais não. Tens dias em que quase nos levas ao desespero com essa tua obstinação e teimosia, mas verdade seja dita, tens feito alguns progressos a entender que viver é também negociar, dar e receber, e lá te vais esforçando por controlar os teus impulsos e as tuas vontades.

Continuas a ter uma ligação brilhante com a tua irmã, agora mais velha, embora nem sempre te lembres que entre as duas existe uma diferença de idades que ainda é significativa. Esqueceste que ela nem sempre entende até onde queres ir e esqueceste também que, apesar de ser mais nova, também ela tem vontade e ideias próprias que quer concretizar. Ainda assim és ultra protectora e mesmo na escola, quando ela precisa, é a ti que chamam e eu fico descansada.

Tens uma consciencia de grupo e de familia que me deixa orgulhosa, porque é precisamente isso que eu quero que guardes para a vida: a familia é tudo o que temos e é tudo o que precisamos, tudo o resto é bem vindo, mas acessório. Mesmo aquela familia que não é de sangue mas que o coração acolheu. E isto já tu aprendeste. Contigo ninguém fica esquecido nem para trás.

Foi também este ano que percebeste que a forma como as pessoas estão à tua volta condiciona a forma como te sentes. Passaste por duas festas de finalistas particularmente emotivas e isso tocou-te de uma maneira que não julguei ser possivel. A primeira foi a do teu primo e expliquei-te que por vezes (não te quis assustar e dizer sempre) dizer adeus a quem gostamos faz doer muito. Muito mais do que cair ou bater com a cabeça. E que aquelas pessoas estavam a chorar porque tinham de dizer adeus e continuar o caminho delas. Já na tua festa de finalistas a coisa foi diferente. Não foi fácil aguentar as minhas lágrimas, até porque estar grávida não é um bom estabilizador de humor mesmo para quem não é dado a lamechiches. E podia até ter corrido bem se não tens vindo para o meu colo lavada em lágrimas, o que tornou impossivel a minha missão de segurar as minhas. E expliquei-te que não estava a chorar por estar triste mas antes por estar muito orgulhosa de ti, por ser bom ver-te crescer assim dessa forma, por já não seres bebé e por estares tão crescida que ias começar uma nova fase da tua vida e que isso era muito importante. E foi então que nos abraçamos, com muita força, e choramos as duas nesse abraço. E naquele instante não fomos mãe e filha, fomos só nós as duas no que verdadeiramente somos e crescemos mais um bocadinho juntas.

Este foi também o ano em que viste neve pela primeira vez e foi muito divertido. Como seria de esperar o teu maior espanto foi descobrires que a neve é molhada! Gostaste muito de atirar bolas de neve mas não gostaste de apanhar com elas e fizemos um boneco de neve que durou quase 3 dias à nossa porta.

És vaidosa e as calças são peças de roupa que não entram no teu guarda roupa. Desenvolveste também uma paixão pelas bonecas das Monster High, que só para te aborrecer te digo que são horrososas, mas que prefiro mil vezes do que as barbies. Talvez seja uma boa forma de te mostrar que nas pessoas o que interessa não é a parte bonita mas sim a feia, porque com o lado bom das pessoas é sempre fácil viver, mas deves sempre escolher quem acolhes pelo seu lado mais feio, porque só serás feliz se for suportável viver com esse lado feio, e o mais das vezes não é.

És a minha primeira filha por isso faremos juntas todas as descobertas do caminho em primeira mão. E passe o tempo que passar terei sempre o meu coração nas mãos por ti, porque embora estejas na minha vida à 6 anos, em ti todos os dias são uma novidade, e às vezes o desconhecido pode assustar.

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