4

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Faz hoje 4 anos que renasci. Faz hoje 4 anos que nasceste. Não há coincidência. Nasceste tão grande como a missão que trazias e assim que te puseram no meu peito foi isso mesmo que vi, a tua grandeza.

Não sei se te sei explicar mas trouxeste contigo o que me faltava. Devias ter trazido o caos e a confusão à nossa casa mas fizeste o oposto. És a cola que nos une. Por isso te digo, é grande essa tua tarefa.

E contigo sou uma outra mãe, nisso tens mais sorte que as tuas irmãs. Embora sejas sempre original na forma como vives as tuas etapas e superas os teus desafios, és a terceira, o que faz com que já saibamos dar valor ao que tem valor, e deixar ir o que sabemos que é passageiro.

És divertida! Quem havia de dizer que aos 4 já sabes usar o humor, fazer piadas e brincar com as situações! Tenho para mim que farás tanto ou melhor uso do sarcasmo que a tua mãezinha… Mas a verdade é que não tens a quem sair sisuda.

Amuas com facilidade e és a única que é capaz de me virar as costas numa birra, enfiar a cabeça numa almofada e ignorar que eu estou ali. Às vezes fazes mesmo de conta que não me vês nem me ouves e nem me respondes. O que mostra bem esse teu temperamento de leoa. É claro que me zango.

Quando as coisas te correm bem és um doce de criança. Meiga como só tu sabes ser. Tens um abraço forte e um beijo doce e eu não prescindo de nenhum.

Gostas das tuas irmãs e, como seria de esperar, não gostas de estar longe delas. Quando calha estarem separadas pareces uma flor a definhar lentamente. Dói só de ver.
E zangas-te com elas, não aceitas que te obriguem a fazer o que não queres e, quando chegam a extremos não tens qualquer medo de levantar a mão e resolver a disputa. Contigo não fazem farinha, o que é bom!

Cantas e danças como se não estivesse ninguém a ver e este ano começaste a ter aulas de ballet. Surpreendentemente (para mim) o ballet é natural em ti e não há quem não repare no jeito como dobras as pontas do pé ou a forma como manténs as costas bem direitas enquanto caminhas em bicos de pés. E claro, ficas adorável de cor de rosa.

Continuas a ser o maior pesadelo das nossas gatas mas não porque sejas má para elas. É precisamente ao contrário! O teu amor sufoca-as, literalmente!

Comes um pouco de tudo e és gulosa que baste. Aqui nunca tivemos grandes preocupações.

Acompanhas bem as brincadeiras das tuas irmãs, quer seja a escola da Mafalda que já te ensinou tanta coisa, ou as infinitas cidades, vilas e histórias da Teresa e dos seus legos e Playmobil.

Vês pouca televisão, e tirando a Patrulha Pata, pouco coisa te prende lá. Mas por outro lado se o youtube foi inventado para alguém, esse alguém és tu. Canções infantis, pessoas a fazer plasticinas, videos de pessoas a abrir ovos de surpresas e outras coisas igualmente improváveis, são a tua perdição. Melhor que pipocas!

Também gostas da bicicleta e montas o circo com os teus patins, porque te deixas cair de propósito e isso te faz rir, mas só porque a tua queda está bem segura nas nossas mãos. Se caísses a sério já não achavas tanta graça!

És uma criança feliz e cheia de vida e é assim mesmo que deve ser.

Este é para mim (e para ti) um ano de viragem porque estes são os últimos meses que te vou ter assim pequenina… A caminho dos 5 vais deixando para trás esta Sofia para deixares vir uma outra Sofia, e mesmo com toda a saudade que já tenho quero que saibas que estou aqui, de braços e coração aberto para te aprender, conhecer e amar até depois do meu corpo morrer.

Parabéns Pessoa Pequenina.

Carnaval 2017

Este foi o 3º ano que celebrámos o Carnaval com as tradições desta “nossa” vila. Incrível como o tempo passa! Parece-me que que foi ainda ontem que tomámos a decisão de fazer as malas e partir à aventura, e afinal já passaram 3 anos.

Aos poucos elas vão-se fazendo daqui, e é bom ser-se pertença de alguma coisa. Aqui e por agora há este espírito de comunidade e elas envolvem-se com muita garra e ficam ansiosas pelas coisas e vivem tudo isto com muita intensidade. E é isto que me faz ter a certeza que tomei a decisão certa há 4 anos atrás, porque foi também isto que eu procurei para lhes dar.

Já me habituei a ter de tirar férias para acompanhar todas as festividades, que convém não esquecer que são vezes 3, mas se me é permitido dizer o meu dia preferido é a quarta feira de cinzas. Quando tudo isto acaba porque continua a ser Carnaval a mais para mim. Talvez uma dia me apeteça mais.

E comove-me tanto o empenho desta comunidade escolar. O trabalho que têm, a organização do evento e a forma como não perdem de vista o sentido de comunidade, de o fazerem para pais, avós, tios, primos e para quem mais quiser ver, mas também para os alunos, e sobretudo para eles, para que se divirtam, para que tenham um dia diferente e especial, para que possam, todos eles, serem as crianças que não queremos nunca que cresçam demais. E brincar (sabendo brincar) é tão importante.

Por cá o Carnaval (na escola) tem dois desfiles: um desfile livre com uma máscara à escolha e um desfile organizado pelo agrupamento de escolas, com um tema a que todas as escolas têm de obedecer. Cada escola escolhe depois, dentro desse tema, a máscara que vai usar. Na escola das crescidas o desfile livre é à quinta feira. Na sexta feira desfilam todos no desfile organizado, e na segunda feira é o dia do desfile livre na escola na Sofia. Elas adoram a confusão!

As máscaras são quase sempre escolhidas por elas e este ano não tive de fazer nem um ponto (que alívio!).

Para o desfile livre a Mafalda queria ir mascarada de Bela (Bela e o Monstro) com um vestido monumental, sapatos de salto e cabeleira a condizer. Mas como o desfile livre era depois de um dia de escola e era suposto irem mascarados logo de casa, eu achei que ela não ia aguentar o vestido no corpo o dia todo. Encontrei uma máscara de Cruella Devill quando estava à procura das máscaras das pequenas e achei que era a cara dela. Ela adorou e ficou um espectáculo! O desfile organizado tinha o tema das personagens das animações e a escola dela decidiu vesti-los a todos de irmãos Metralha e os professores foram de policias.

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A Teresa decidiu-se logo por uma máscara da Everest da Patrulha Pata e como já é uma crescida e anda na escola com a Mafalda, foi também vestida de irmão Metralha no desfile organizado.

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Já a escola da Sofia surpreendeu! As personagens que escolheram foram os Flinstones e as meninas foram vestidas de Wilma e Betty e os meninos  Fred e Barney. Havia um carro igual ao do Fred onde puseram os bebés da escola também trajados a rigor! O desfile livre da Sofia foi na segunda feira e princesa como ela é, quis ir vestida de Branca de Neve!

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As manas mais velhas também foram ao desfile da Sofia e aproveitaram para desfilar outras máscaras: a tal Bela com o seu portentoso vestido e a princesa Elsa!

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 E depois de tanto Carnaval sinto que posso finalmente recostar-me e descansar. Parece-me que é aqui que a minha corrida louca de Setembro acaba. Ou talvez não 🙂

E o teu Carnaval, é de folia ou de tortura?

O que ficou por dizer…

Antes que o ano avance mais tenho de fazer aqui uma pequena pausa virtual.

Com toda a correria dos meus dias escrevi os dois artigos dos anos das miúdas em Novembro, mas nunca os consegui publicar. Também nunca consegui mostrar as fotos dos bolos que fiz para elas!

Por isso é agora!

Já sabes que Novembro é aquele mês em que a minha casa vira pastelaria e eu pastelaria! Este ano a mais velha ajudou-me a simplificar ao não escolher aqueles temas das séries de adolescentes que gosta de ver.

Optámos por uma coisa mais simples e acabei por comprar umas folhas de obreira impressas e decorar os bolos a partir daí. Não deu demasiado trabalho e o resultado ficou igualmente espectacular. Fiz dois bolos muito semelhantes: um para o jantar em casa e um com dois andares para levar para a escola.Ora vê:

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Já a Teresa, na sua fase da Patrulha Pata, exigiu um pouco mais de trabalho. A sorte é que também há obreira com estas impressões e assim sendo o trabalho de esculpir bonecos foi dispensado! O bolo da escola foi mesmo como ela queria e em boa verdade não sobrou quase nada! O que é sempre bom 🙂

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Mas como este bolo exigiu um bocado mais de tempo o bolo que lhe fiz para o jantar em casa foi muito mais simples. Na verdade foi um bolo de bolacha (que elas adoram) decorado só com umas obreiras com as personagens:

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Mas como ainda tiveram uma festa com a família e os amiguinhos da escola, ainda fiz mais dois bolos. O da Mafalda tem obrigatoriamente de ter  vários andares 🙂 e ela escolheu esta obreira com mochos, como os desenhos têm muita cor (e eu pouco tempo!) complementei a decoração com m&m’s. O candelabro das velas comprei na Tigger e foi mesmo à conta porque dava para 9 velas 🙂 Ela adorou!

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Já a Teresa persistiu com a Patrulha Pata, mas teve de ser numa versão simplificada:

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Agora bolos só para Agosto!

Se quiseres ler os meus memoriais de aniversário estão aqui: Mafalda e Teresa

6

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Quando paro para pensar em ti lembro-me sempre daquele dia, daquela ecografia, da má notícia, do susto, da solidão naquela sala que me pareceu enorme, do medo de te perder, do alívio de te ter finalmente nos braços e dos dias difíceis que tivemos até aos teus 18 meses. Tudo parecia tão improvável…

E depois fazes 6, senhora de ti. Refilona, dona das tuas palavras, rezingona mesmo. Mas doce como só tu sabes ser. Engraçada e brincalhona, usas as palavras nos teus jogos, inventas novas, dás-lhes outro sentido sem teres medo delas.

Foi um ano de mudanças que aceitaste com muita coragem. Expliquei-te que não faz mal ter medo (eu nunca pude ter medo, sabes?), que é normal termos medo das coisas que não conhecemos e que não sabemos como são.

Caiu-te um dente e foi o caos. Nem fada, nem prenda, nem coisa nenhuma. Estavas inconsolável. Não sei o que pensaste mas eu pensei que era o fim. Quando os dentes começam a cair é altura de reconhecermos que os filhos estão mesmo a crescer e não há como parar. É horrível. Mas tu podias chorar, eu não. Foi o único. Tens mais dois ou três dentes a abanar, que hão-de cair mas há de ser de tédio, porque mal lhes tocas ou deixas tocar.

Deixaste a tua escola de bebé e foste para a escola das letras, levaste só dois amigos. Ia-mos as duas com o coração nas mãos, mas seguraste as lágrimas com a tua coragem de leão, e eu não te quis deixar ficar mal e por isso acabei com a garganta cheia de nós de tantas lágrimas que engoli. Sabes, o coração da mãe não está nunca preparado para isto, mas faz parte e tem mesmo de ser. Mesmo com medo.

És responsável com os teus trabalhos de casa embora nem sempre os faças com grande vontade.

Continuas a ser a irmã do meio, e ganhas muito com isso. Às vezes brincas com a mais velha, às vezes com a mais nova. Tens o melhor dos dois mundos. Naturalmente a gestão de conflitos não é o teu forte, e se a Sofia te bate tu respondes, o que nos enlouquece.

Continuas a ter aquela relação com a comida e as nossas refeições são marcadas por ti. É raro o dia, e a refeição, em que não temos de nos chatear contigo. Já é a tua imagem de marca.

Quem diria, Teté Jubita, que mesmo sem sopa havias de crescer tanto!

Continuas mais reservada do que as tuas irmãs. Ganhas pelo que observas e nada te escapa. Tens o teu ritmo e respeitá-lo é para nós fundamental.

És preguiçosa no sentido de que não gostas de fazer coisas que dão muito trabalho. Nunca pintas a cara em festas porque dá muito trabalho a limpar, não te aventuras em projetos e grandes coisas porque dá muito trabalho, mas em compensação fazes a tua cama quase todos os dias sem ser preciso dizer nada. E numa casa onde não fazer a cama é principio, deixas-me muitas vezes envergonhada e a pensar que deves ter herdado os genes da tua avó bisa, ou isso ou é mais do Karma para me perseguir!

Estás na fase da Patrulha Pata e a tua sorte é que são bem menos irritantes do que as Violetas e afins com que a Mafalda delira.

Não és nada medricas com os bichos mas este ano desenvolveste uma obsessão com as alforrecas que me tirou do sério. Em contrapartida és a companhia ideal para passear na praia e apanhar conchas: nunca te cansas de andar!

Foi um ano de muitas mudanças para ti e para mim mas é bom ver-te a voar!

A mais um ano de conquistas!

9

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E aos 9 o que muda são os pais.

Verdade.

Do ano passado para este pouco mudaste, o que é bom. Estás a chegar a uma idade em que não há grandes novas conquistas a cada dia, e aos poucos somos forçados a perceber que já não és o nosso bebé.

Talvez por isso tenha sentido, este ano, que fui confrontada com novos desafios. Ajudas com toda a vontade e queres fazer parte dos nossos planos. Tens sempre uma opinião a dar e fazes questão de que seja ouvida.

Continuas a ouvir mal e por isso temos de falar mais alto do que queremos e mais vezes do que queremos, mas isso é em tudo normal.

Este ano é para mim o ano dos valores, isto da maternidade não vem com instruções, por isso acabo por perceber que até aqui foi tudo sobre o que está bem e se pode fazer e o que está mal e não se pode fazer. Mas agora é a altura de te explicar porquê, e de te ajudar a fundamentar os teus valores.

Continuas aventureira e comunicativa e estás naquela idade em que tanto pode correr bem como dar para o torto. Mas contigo será sempre assim porque nenhuma das duas sabe o que está a fazer! Continuo o seguir o meu instinto, como sempre segui, e umas vezes deixo-te ir outras vezes nem tanto.

Foi também um ano de primeiras vezes: estiveste 10 dias longe de casa no campo de férias, já vais à mercearia sozinha, e tens autorização para andar de bicicleta pela aldeia sem nós.

A tua escola fechou e voltaste a ter de dizer adeus a grande parte dos teus amigos, mas em compensação ganhaste uma escola nova com uma biblioteca que tens usado com afinco, e amigos novos.

Mudaste outra vez de casa, e com esta mudança ganhaste um lugar onde ainda se pode brincar na rua, onde os vizinhos têm nome, e onde há muitas crianças da tua idade para brincar.

Foi também o ano em que te caiu esse dente teimoso que ostentaste durante tanto tempo ao lado de uma favola já bem robusta. Mas o mais engraçado é que viveste anos com um dente de leite ao lado de um definitivo sem que isso te parecesse incomodar. Mas lidaste mal com a diferença de tamanho entre os dois dentes definitivos há medida que o novo crescia. Vá-se lá entender!

Gostas muito de dizer que és pré adolescente. Não sei se o serás verdadeiramente, mas há momentos em que consigo ver em ti a mulher em que te vais tornar, e não te vou mentir, isso assusta-me um bocadinho porque estás a crescer mais depressa do que eu consigo acompanhar, e tu és o meu bebé.

Mas há de ser sempre assim. Há de me acompanhar para sempre esta ideia de que me tens pela mão, e me levas, e me acalmas como quem diz que vai correr tudo bem, como se os nossos papéis estivessem, desde o primeiro segundo, invertidos.

Não é fácil filha minha, mas vale muito a pena.

A mais um ano!

Setembro, Setembro…

E já setembro se prepara para chegar a meio!

É incrível como o tempo passa a voar e a ver bem, a ultima vez que por aqui estive foi em Fevereiro. O memorial, para mais tarde recordar, dos anos da Sofia não conta.

E afinal, que raio se passou de fevereiro até aqui? Tens toda a razão em querer saber.

Felizmente nada de mais, só a vida a acontecer. Graças a Deus, não houve doenças muito más nem outras situações irreversíveis. Mas pela primeira vez em 8 anos tivemos problemas com um senhorio, o que nos obrigou a alterar, e muito os nossos planos.

Não estávamos a pensar mudar de casa, até porque nem chegámos a estar dois anos lá. Mas teve de ser e, em nome do bem estar da família, foi necessário rever todo o plano e toda a estratégia. Quando saímos da cidade para a aldeia, acabámos por ficar aqui porque se alinharam vários factores que nos condicionaram a escolha. E decidimos ficar por aqui, mas se na cidade a oferta de casas é grande, por aqui é muito pouca. O que dificultou e muito toda a situação.

E lá para meados de Maio conseguimos, finalmente, encontrar a nossa nova casa. E toca a encaixotar tudo outra vez. E agora a desencaixotar tudo outra vez!

E aos poucos vamos fazendo as coisas, vamos tornando esta casa no nosso lar. E posso orgulhosamente dizer que, ao fim de 3 meses já tenho as molduras penduradas na parede! Yuppi! Vivi numa casa onde, a altura em que consegui pendurar as molduras foi pouco antes de decidirmos sair de lá por isso para mim esta é uma grande vitória!

Quanto a este lugar gosto mais de viver aqui do que de onde vim, gosto mais da casa embora seja mais pequena, o que me obrigou a sacrificar o meu “estúdio”. Esta casa é mais casa, é mais acolhedora. Tenho mais quintal e mais horta logo mais trabalho!

Os vizinhos são diferentes, são mais comunitários. Há uma certa noção de pertença e um certo bairrismo que o torna tão especial. Grande parte destas pessoas vieram de “longe” como nós, o que dissolve aquela sensação de sermos estranhos e das pessoas olharem de lado para nós por termos vindo da cidade para a aldeia. Pela primeira vez na vida sei o nome das minhas duas vizinhas do lado. E há muitas crianças da idade das minhas, e muito espaço, sem carros, para brincarem todos na rua.

Tem sido uma boa experiência, mas muito consumidora de tempo. Por isso acabei por me afastar daqui. Não só porque não me sobrou grande tempo, mas porque na realidade os meus últimos meses foram só tralha, caixotes, arrumar, separar, organizar e sobretudo fazer caber o rossio na rua da betesga.

Mas é um sitio bonito para se viver, ora vê:

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Tudo visto dos meus domínios! Também temos um curso de água que confronta com o nosso quintal, agora está perto de estar seco, mas de inverno tem muita água que vem pela serra abaixo.

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E muito espaço para brincar!

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E mais uma forma de terapia, ou os meus comprimidos para esquecer a loucura do mundo:

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A minha horta experimental onde vamos aprendendo tanto do que se perdeu e passando o pouco que vamos aprendendo à geração futura. E claro, o grande luxo dos legumes biológicos, sem corantes nem conservantes, do horta para o prato.

E entre caixotes, arrumações e organizações o tempo passou. E foi assim que de fevereiro chegámos a setembro!

Os meus planos são de regressar às publicações semanais, mas a vida pode ter outros planos.

Ainda assim obrigada por estares desse lado. Obrigada por saberes esperar. Da minha parte já sabes que a vontade de estar por aqui é sempre muita.

E tu? Que correrias fizeste neste meio ano que passou?

3

Sofia

Chegaste aos 3 sem que tenhamos bem percebido como.

Gostava que tivesse demorado um pouco mais, mas contigo é tudo assim, num piscar de um olho e, em menos de nada, sais do meu colo, bates as asas e voas, como se nada fosse mais natural que isto.

E eu fico feliz de te ver assim crescida, independente e segura, sem hesitações e muito poucos medos. Embora me doa um bocadinho olhar para ti e já não te ver bebé.

Estás grande. Digo não só de entendimento, mas também de tamanho. És robusta e maciça e muito boa de apertar entre abraços que ficam gravados cá dentro.

És natural. Sei que natural não é lá um grande adjetivo, mas contigo as coisas sempre saíram naturais. Com o correr da maré, sem grandes percalços nem soluços. Como se o que nos liga fosse de sempre e não só desta vida.

Isto da maternidade tem destes mistérios, vocês são 3 e não posso dizer que vos ame da mesma maneira. É verdade que é um amor igual em tamanho, em intensidade, em respeito, em admiração, em dedicação, em sacrifício e em entrega. Mas cada uma de vocês toca num lugar diferente de mim. E tu tocas neste da eternidade e do reconhecimento ancestral.

É talvez por isso que me és natural. E seres a terceira ajuda muito porque à terceira sou uma mãe muito mais fixe do que fui à primeira e à segunda. Já conheço a cartilha quase de cor e já não dou valor a coisas que sei que são passageiras.

O que não significa que não me zangue ocasionalmente. És natural mas tens o teu feitio. Sabes bem o que queres, és segura e determinada e sabes bem expressar a tua vontade. Detestas ser contrariada, mas deixa lá, não ligues ao que te dizem porque na verdade ninguém gosta de o ser.

És meiga como só tu sabes ser, ris muito e a tua gargalhada é doce, energica e contagiante mas os teus olhos riem muito mais que a tua boca.

Apertas-me com força e chamas-me fofeca, tal como te chamam na escola. Não consegues ficar chateada comigo, e se tiver de te ralhar amuas, mas vens logo depois com esse teu jeito de quem pede desculpa, abraças-me com força e eu digo-te que está tudo bem e que gosto muito de ti. Se fores dormir zangada comigo tens pesadelos e tenho de te acordar para fazermos as pazes.

Falas muito e bem e tenho a certeza que a música fará parte da tua vida, tal é o teu gosto pelos ritmos e pelos sons. Cantas que te desunhas e mesmo que nem sempre saibas a letra, conseguimos sempre, mas sempre, perceber o que estás a cantarolar.

Deixaste a fralda sem dificuldade e a chucha ficou também esquecida, num dia qualquer.

Gostas da escola mas gostas ainda mais de estar com os teus avós, ou em casa com as tuas coisas.

Este ano andas encantada com a Patrulha Pata, com as princesas da Disney e com a Drª Brinquedos. Não ligas nenhuma à princesa Sofia.

Brincas bem com as tuas irmãs, e sabes fazer valer a tua vontade. Se precisares de puxar uns cabelinhos ou dar umas dentadinhas também te sai com naturalidade e és conflituosa só na medida da idade que tens.

Gostas de animais e adoras as nossas gatas. Normalmente é aos teus pés que dormem, embora às vezes as estrafegues com tanta força que elas te arranham.

Gostas de mexer na terra e brincar ao ar livre. Gostas de praia e de água. Gostas de andar descalça. És destemida e feliz, o que faz de mim uma mãe feliz também.

Continuo ainda encantada com isto de fazeres anos no pico do verão. Eu habituada aos meus anos 3 dias antes do Natal e aos anos das tuas irmãs em Novembro, acho isto delicioso. Dias grandes e compridos, com bom tempo para ser passado com a família e os amigos, sem pressas e à vontade. O calor, o sol, os dias grandes…

Só tem o contra do forno ligado para fazer o bolo! Qualquer dia evoluímos para bolos de gelado! Este ano quiseste princesas. E só mesmo porque és a última, acedi. Algum dia havia de ter de fazer um bolo de princesas 🙂

Tiveste dois bolos hoje, só porque foi um dia comprido e estivemos ao almoço com os avós e as primas, e só ao jantar estivemos com o Pai e com a Mafalda. O do almoço foi de improviso, mas se há coisa que já aprendi é que prefiro mil vezes estar com vocês do que abdicar desse tempo para fazer um bolo, por mais perfeito que esteja. E como ainda não é tempo de férias para mim, escolhi estar contigo na praia em vez de ficar em casa a fazer um bolo perfeito.

E foi uma boa escolha. Já fiz bolos melhores e mais bonitos, mas cantámos na mesma os parabéns e o bolo também se comeu com satisfação!

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À noite o bolo estava mais composto. Ainda assim foi planeado para ser uma versão rápida de bolo. Mas estava muito bom.

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Ainda vais ter a tua festa. Com direito aos avós todos, aos tios e tias e aos primos todos ao monte. Fica a promessa de um bolo grande e bonito para ti, porque o mereces.

E já lá vão 3 anos de ti, 3 anos de nós. E não é que parece que é desde sempre?

A Feliz 4ª Feira de Cinzas

Diz que devia ser um dia triste, afinal o carnaval acabou e entra agora a quaresma, tempo de penitenciarmos os nossos pecados.

Mas mesmo com um dia de chuva como o de hoje eu estou feliz! Precisamente porque o Carnaval acabou.

Este ano não me apeteceu Carnaval. Nada. Não me apeteceu sequer pensar nisso quanto mais entrar em grandes tangos fandangos de costurar disfarces.

E nem de propósito, este ano, a título de castigo tive Carnaval vezes 3, vezes dois dias, ou seja o equivalente a 6 celebrações de Carnaval. É obra.

Não sei se foi mesmo de mim e de sentir que ainda agora foi Natal, se foi de me ver a braços sozinha com as 3, pela primeiríssima vez por mais de 48 horas seguidas, ou se foi precisamente por, pela primeiríssima vez desde sempre, estive afastada do meu marido mais de 1 semana.

Depois há esta sensação de que as crianças não se divertem nada com a forma como o Carnaval lhes é apresentado. Eu percebo esta coisa dos desfiles e de integrar a comunidade escolar na comunidade civil e tudo. Mas acho que não é este o caminho. Parece-me que uma festa com música, muita brincadeira e um bolo faziam a festa. Mas posso ser só eu.

Para começar a escola das pequenas fez um desfile de traje livre numa manhã. A Sofia foi de Fada Sininho mas deve ter sido a Fada Sininho mais infeliz da história da humanidade.

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Tanto que fiquei até com remorsos de a sujeitar a isto. O resultado é que em vez de assistir e tirar umas fotos bonitas das minhas filhas tive de desfilar com ela. Fazendo eu a palhaçada lá animou um bocadinho, mas ainda assim não se convenceu. E eu também não.

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A Teresa foi de Elsa mas esteve quase sempre com ar de “quando é que isto acaba” E quando percebeu que o itinerário do desfile tinha sido estendido para os mais crescidos então é que foi.

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Aí eu estava também ao lado dela, desistindo por completo das tais fotografias, tentando animá-la e brincando com ela. Mas honestamente não teve grande efeito. Era a música, a dança e o bolo…

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Depois à tarde quis acompanhar a Mafalda. Já vestida de Ana a coisa pareceu animar. Fosse pela companhia da irmã ou não a coisa ainda foi andando, mas não até ao fim. Acompanhámos o desfile mas a passagem à nossa porta foi a paragem terminal.

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Já a Mafalda, estando numa idade completamente diferente e tendo amiguinhas da mesma idade com quem partilhar as brincadeiras, achou alguma graça ao desfile dela, pelo menos até lhe começarem a doer os pés dos sapatinhos de cristal.

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O bom deste desfile foi ter passado junto ao lar dos idosos e ter gerado muitos sorrisos. Foi um momento com valor e com sentido.

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No dia seguinte foi dia de mais do mesmo. Sob o tema das profissões tive uma Dentista que mal vi desfilar, uma Dr. Ervilhólogo e uma Pasteleira.

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A Sofia só a vi de corrida porque mais uma vez, assim que me viu começou a chorar. Nem à terceira me consigo habituar! Só que desta vez não podia desfilar com ela e por isso fiquei escondida para ver se não lhe custava tanto.

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Ainda assim é de louvar a entrega e a dedicação de quem prepara e articula e faz estas coisas acontecer. Por detrás de tudo isto há muito planeamento, muita organização, muito esforço, muita criatividade, muito trabalho, muito espirito de sacrifício, e muita vontade de integrar a comunidade escolar na comunidade civil que a rodeia e isso é um valor que não se deve perder. Mas haverá espaço para melhorar? Sim. Creio que sim.

E posto isto estamos a 40 dias da Páscoa.

E se quiseres ler sobre o Carnaval de 2015 está AQUI e AQUI fiz uma retrospectiva das minhas andanças de mãe no Carnaval.

E tu? Muita folia?

Playmobil – Dos 80’s ao século XXI

Os Playmobil sempre foram dos meus brinquedos favoritos e talvez por isso guardei os que tive, para os poder partilhar mais tarde com os meus filhos.

Por sorte a Teresa adora este tipo de brinquedos e constrói imensas brincadeiras à volta deles. Já se sabe que seja nos anos ou no Natal, há sempre uma caixinha de Playmobil para ela. Ela adora e eu também.

Há uns meses atrás os meus pais trouxeram os meus caixotes dos brinquedos, e claro, os meus velhinhos Playmobil!

Há que dizer que os Playmobil envelheceram bem, e felizmente evoluíram ainda melhor. Ao contrário de outros bonecos que, quanto a mim, perderam a identidade tendo mantido o mesmo nome. Tanto que dos anos 80 ao século XXI a viagem parece ter sido curta. Ora vê:

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Consegues ver as diferenças?

São mesmo muito poucas e tirando os novos penteados e o direito a roupas todas catitas, em oposição a calças e mangas brancas com camisolas e vestidos de outra cor, e a sapatos, inclusivamente chinelos de calçar e descalçar, quase nem se dá por ela!

Também tem linhas mais viradas para meninas com fadas, casinhas e famílias e outros cenários mais ligeiros. Mas como eu não gosto de as condicionar já lhe disse que não faz mal ela gostar dos outros também. Isto porque se forem coisas de Policia, Piratas, Bombeiros e afins ela associa logo a brinquedos de meninos e passa ao lado!

É um verdadeiro prazer para ela e para mim. E começa a ser um vicio só para mim! Até porque a Playmobil tem coisas de coleccionador que são de chorar!

E tu? Guardaste os teus tesourinhos para partilhares com a tua pequenada?

5

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Chegaste aos 5! Este ano foi um ano de grandes mudanças para ti e de um momento para o outro cresceste muito!

Ficaste muito mais extrovertida e conversadora e com isso, a tua abordagem à escola mudou. Estás feliz e integrada. A escola deixou de ser um castigo e nunca mais te ouvi dizer que não queres ir à escola. Mas se houver uma oportunidade para ficares em casa não hesitas e estar em casa continua a ser a tua praia. Entre brincar e trabalhar a tua escolha recai sempre em brincar.

Gostas dos teus brinquedos e para mim é um prazer ver-te brincar com eles, já que a tua irmã mais velha quase nunca se entretém com eles. Tu sabes brincar. Tens uma criatividade sem limites e os teus brinquedos estão sempre a ser ou a fazer qualquer coisa. De tal forma que és territorial. Quando constróis o teu universo de legos, as tuas personagens estão lá a fazer qualquer coisa e mesmo que suspendas a brincadeira, na tua cabeça eles continuam lá, e por isso não admites que mais ninguém brinque com o que puseste de parte, ou que arrume as tuas construções e as desmanche no caixote. É como se pusesses aquela brincadeira em suspenso mas ela continuasse a correr dentro de ti, não desligas totalmente disso. E isso faz com que sejas conflituosa, especialmente com a Sofia, que se vai aproximando de ti para brincar.

Este ano foi o ano em que aprendeste a gostar de pintar e de desenhar, e és muito boa nisso. É claro que a tua mão não acompanha a tua imaginação, mas tens o traço certinho e pintas tudo dentro das linhas.

Também gostas de trabalhos manuais mas parece-me que tens bem definido os teus limites e as tuas capacidades e por isso há coisas para as quais ainda não te inclinas. Às vezes fico na dúvida se é falta de empenho ou noção do esforço, mas lá chegaremos.

Continuas a ser muito doce e muito melada. Em ti há sempre espaço para beijinhos e abracinhos, e talvez por isso não tens grandes aspirações a ser independente. Gostas de ter ajuda para comer, o que ficou redondamente proibido agora que tens 5, gostas de ter ajuda para tomar banho, para vestir, para pentear…

Mas já vais sendo uma grande ajuda, já tens as tuas tarefas e já dás o teu contributo para a nossa comunidade e de um modo geral, és muito voluntariosa ao fazê-lo.

Continuas a gostar de correr e nisso só me fazes lembrar o Forest Gump, muitas vezes eu e o teu pai rimos e dizemos “Run, Forest, run…!”. Também gostas de andar de bicicleta e como és pouco aventureira tens menos medo! E a trotinete que te deram nos anos faz magia, e não há nada que pague ouvir-te dizer: “O” trotinete!

Estás mais solta e nessa tua criatividade toda és meio palerminha: brincas com as palavras, misturas as silabas dizes coisas sem sentido, inventas histórias do arco da velha e ris-te muito! E és contagiante.

És a nossa luzinha! Parabéns por este ano de conquistas e que venha o próximo!

E se hà pouco mais destes 5 anos o meu coração era do tamanho de uma ervilha com todo o medo de não te ter, agora é do tamanho do mundo com o tanto que me ensinas a gostar!