Fada dos dentes

O primeiro filho é um privilegiado. Quando caiu o primeiro dente da Mafalda estava tudo pronto! A fada dos dentes, o cartão de registo, tudo!

A Teresa perdeu o primeiro dente em Agosto, no dia 7. Lembro-me porque foi no dia a seguir à festa de anos da Sofia e foi traumatizante! Ela chorou horrores. O dente esteve literalmente preso por um fio durante meses, tantos, que quando caiu nem deitou sangue. Simplesmente caiu.

Ela horrorizada com o dente na mão. Eu à espera de ver uma boca ensanguentada que justificasse tamanho susto. Nada.

Só mesmo o horror dela de ficar sem dente. E de certeza aquela sensação do principio do fim. Agora estás mesmo a crescer, disse-lhe eu. Já não podes ficar bebé. Estás a crescer mesmo a tempo de ires para a escola.

E ela chorava. E eu também mas por dentro. Porque ela está a crescer muito depressa e a sair dos meus braços com toda a confiança, porque não estava nada pronto, nem fada dos dentes, nem cartão, nem dinheiro nem nada.

E eu a chorar porque com a primeira tinha tudo pronto, fui a mãe perfeita, e com a segunda nada… Miserável mãe.

Vencida a angústia e aproveitando as férias lá arranjei alento para lhe fazer a fada.

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A ideia era fazer qualquer coisa ao estilo dos bonecos Waldorf e o corpo foi traçado a olho no papel, por isso ficou pouco proporcional, o que lhe dá toda a graça e personalidade.

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Esteve para ter uma farta cabeleira preta, mas como os bonecos têm vida e vontade própria, não gostou nada e obrigou-me a refazer tudo. Ruiva seria esta fada, com toda a convicção.

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Simpática como só ela! Todas as fadas dos dentes são simpáticas, segredou-me ao ouvido.

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E um vestido cheio de folhos e a condizer com o seu cabelo.

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E lá foram as duas, fazer coisas de fadas, enquanto esperam pelos próximos dentes 🙂

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Mais sobre a primeira fada aqui.

E se quiseres um cartão para anotares os dentes de leite (nascidos ou caídos) está aqui.

Almofada Térmica de Sementes

O conceito não é novo, mas um pedido muito especial duma avó de primeiras águas, pôs-me a fazer almofadas de sementes. Para que serve uma almofada térmica de sementes? Para quase tudo, ora vê:

As almofadas térmicas podem ser usadas em termoterapia (calor) ou crioterapia (frio) para o alívio da dor, não constituindo por si uma forma de cura. Em alternativa as almofadas térmicas podem ser usadas simplesmente como aquece pés ou aquece camas nos dias frios de inverno, em substituição dos tradicionais (e perigosos) sacos de água quente.

A utilização da termoterapia da está recomendada para: espasmos musculares, dor lombar ou cervical, reumatismo e dor óssea, osteoartrite e artrite. A crioterapia está recomendada para: contusões, entorses, pés inchados, febre, dores de cabeça e enxaquecas.

Como é que se usam?

A Quente – Aquecer no microondas: Colocar a almofada e um copo com água e aquecer na potência máxima em intervalos de 15 a 30 segundos, até atingir a temperatura desejada. Verificar a temperatura da almofada antes de aplicar na zona de contacto para evitar queimaduras.

A Frio – Envolver a almofada num saco de plástico e levar ao congelador durante 2 horas. Aplicar na zona de contacto.

As almofadas térmicas são muito úteis no alivio das cólicas dos bebés e nas pequenas contusões das crianças. Sempre que usares uma almofada térmica a quente verifica a temperatura antes de aplicar a almofada na pele do bebé ou da criança!

É ou não é um presente ideal? E podes fazê-las pequeninas como estas que fiz (para bebé) ou com o tamanho que te parecer mais funcional!

Materiais:

– pano cru ou algodão branco

– algodão estampado ao teu gosto

– sementes de linhaça

– flores de camomila, sementes de alfazema, ou outros cheiros (opcional)

Para começar define qual é o tamanho da tua almofada. Eu fiz umas almofadas quadradas com cerca de 13cmx13cm. A almofada é constituída por duas partes: a almofada e a fronha.

A almofada deve ter menos 1 cm do que a fronha.

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Para fazeres a almofada só tens de coser as duas partes deixando um bocadinho aberto para virar do direito e encher com as sementes.

A mistura das sementes com os cheiros é feita na proporção de 2 volumes de sementes para um volume de cheiros. Mas usar o cheiro é opcional.

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Depois de encheres a almofada de dentro cose a almofada.

Para fazer a fronha vais precisar de um tecido estampado ao teu gosto. O esquema que eu usei para fazer a minha fronha é este:

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No fundo é um envelope com os extremos em bainha. Começa por cortar um rectângulo com o comprimento necessário ao tamanho da tua almofada. No meu caso a largura é 13cm e o comprimento é 37,5cm.

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Com a ajuda do ferro vinca as dobras e as bainhas. Cose-as.

Dobra a tua fronha de forma a poderes cosê-la lateralmente. Sobrepõe os dois lados de forma ao que ao virares a fronha para o direito a esta fique direita! Cose e remata as pontas soltas!

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Depois de cosida a fronha podes guardar a almofada no seu interior. É tão simples quanto isto. E podes fazê-las nos tamanhos que quiseres e com os padrões que mais gostares.

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Também estão disponíveis na loja!

Aqui!

Como fazer uma mochila

Ah! Setembro, Setembro… És mesmo o meu Janeiro!

E quem vai para uma escola nova tem direito a um mimo especial! Já tinha saudades de fazer uma mochila e esta ficou tão gira que me custou um bocadinho ver-me livre dela 🙂 Mas uma encomenda é uma encomenda e na hora do adeus é preciso dizer adeus!
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O painel da frente é o bolso e é de bombazine branca. A aplicação do mocho tem vários tecidos de algodão, feltro e uma fita de viés rendada a fazer de tronco.

 

* Children backpack *

Nesta mochila não usei os meus botões mas usei aplicações de lantejoulas em forma de flor e folhas e fez muita diferença!

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O friso ou vivo de pijama foi feito por mim Tutorial Aqui no mesmo tecido que usei no forro, que claro está de pandã com as folhas do padrão do tecido 🙂

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E por falar em tecido este foi um verdadeiro achado, é uma espécie de sarja estampada. Nunca tinha visto nada assim e não voltei a ver. A sorte é que ainda tenho algum de sobre para os meus kits de mochilas.

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O modelo da mochila é o De Volta à Escola e resulta sempre! O bolso é muito útil para pequenas coisas como a chucha, a pomada, a escova do cabelo, por aí.

E como esta mochila é um disco pedido teve ainda direito de um saco para a muda da roupa a condizer:

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Assim dá muito gosto regressar à escola!

Os kits das mochilas e das aplicações estão disponíveis  Aqui.

Bom regresso às aulas!

 

Moldes de Costura Mccall’s 6496 & Mccall’s 6685

Uns bebem para esquecer. Eu coso. Como se não houvesse amanhã.

Passou pouco mais de um mês desde que me decidi por esta empreitada, e não fosse precisar mesmo de ter a cabeça ocupada num projecto megalómano, não me tinha deitado a isto. Mas as coisas são como são e um casamento é um casamento.

Ao longo deste mês partilhei no facebook algumas fotos do andamento do processo, mas porque as fotos são fraquinhas e porque não acrescentam grande valor, ficou pelo facebook, e só agora é que dá um post.

Então voltamos ao final de Abril, altura em que recebi um convite para um casamento e meti na cabeça que havia de fazer os vestidos das miúdas. 3 vestidos em pouco mais de 1 mês foi o desafio.

O primeiro passo foi escolher o modelo do vestido. Como as minhas decisões nestas matérias são quase sempre impulsivas, gosto de comprar moldes de costura que possam ser comprados em formato digital, na hora em que decido, sem ter de esperar pelo correio, e para poder começar a trabalhar logo, no fogo da paixão.

É claro que nestes moldes de costura digitais, apesar de serem mais baratos do que os que vêm em papel, temos de imprimir tudo em folhas A4 (eu não tenho impressora A3) e depois colar tudo com fita cola para montar aquelas folhas gigantes dos modelos.

Há já muitos anos que compro os modelos na SewingPatterns.com, têm imensas marcas de modelos, dos mais fáceis aos mais complicados. Tem roupa de senhora, homem, criança, acessórios, elementos de decoração da casa, aventais, bonecos… Tem tudo. E tem também um apoio ao cliente fora de série.

O processo é fácil e rápido. Depois da compra é criada uma conta de utilizador numa aplicação online que depois instala um pequeno software no computador que permite criar um ficheiro pdf do modelo fraccionado. Esta aplicação permite depois imprimir o ficheiro com toda a comodidade. Segue-se a fase muito chata de colar tudo em colunas e linhas para formar a tal folha grande e daqui para a frente é só usar.

Podes cortar directamente as peças que precisas, porque o sistema não tem cópias limitadas e o ficheiro é teu para sempre. Se voltares a este modelo podes imprimir tudo outra vez. Ou então usa papel vegetal para copiares os moldes.

Eu escolhi dois modelos, e por acaso, eram os dois da Mccall’s. Trabalhei com o m6685 e com o m6496. Mas acabei por misturar as partes! Queria fazer 3 vestidos diferentes mas com elos de ligação. Assim, o da Mafalda é a versão integral da vista D do modelo 6685, que é a que está na foto. Já para a Teresa usei o mesmo corpete mas com a saia da vista C do modelo 6496.

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MCCALL’S 6685

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A Sofia teve direito a uma mistura do corpete da vista A com a saia da vista B do modelo 6496. Foi uma alegria juntar as partes!

Os tecidos foram comprados na Tecidos.com.pt, não é a minha loja preferida de todos os tempos, mas tem bons tecidos e uma boa variedade de tipos de tecidos. É fácil encontrar materiais e padrões que não se encontram nas lojas de rua, e está sediada na Europa (Alemanha), o que simplifica a coisa das alfandegas. Ainda assim, estando na Alemanha demora, na melhor das hipóteses uma semana inteira a chegar às nossas mãos. Os portes não são descabidos mas podia ser mais rápido todo o processo de expedição e envio.

E para grande espanto meu consegui completar os 3 vestidos dentro do prazo que me propus, o que soube lindamente, embora tenham existido alturas em que duvidei que fosse conseguir.

O que não consegui fazer foi uma bela sessão fotográfica com as minhas modelos. Só fotografei mesmo no dia do casamento, que foi no Alentejo, debaixo de um calor absurdo, e elas estavam entediadas e sem disposição para poses!

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Vistas de costas não parecem tão aborrecidas!

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A Sofia estava por conta dela, e desde que a deixassem cirandar estava sempre bem disposta!

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Aprendi muita coisa neste processo e trabalhar com este tipo de tecidos rendados foi um desafio. A sorte é que estes tecidos abafam naturalmente as imperfeições. Uma das coisas que me surpreende sempre é a forma como somos tão exigentes com a perfeição das costuras das coisas que fazemos, e depois somos capaz de dar uma barbaridade de dinheiro por uma peça de roupa e se formos ver as costuras ao pormenor, parecem cosidas por um bêbado ou um cego!

Da próxima vez tenho de ser menos trapalhona nos cortes. É que o entusiasmo e a vontade de começar a coser faz com que no fim seja preciso desmanchar e acertar. Como quando cheguei aos fechos e não conseguia alinhar as partes esquerda e direita de modo a ficar certinho! Ainda me valeu a minha mãe a explicar-me como é que a minha avó trabalhava os franzidos das saias! Sempre a aprender.

Fiquei muito feliz com os 3 vestidos e ainda bem que me propus a fazê-los. Se tivesse de escolher um como o meu preferido escolhia o da Sofia! Não sei se é de ser mais pequenino, se é de ter mais cores, mas é sem dúvida o meu preferido. E tu? Qual eleges?

Fralda de Pano #3

Por aqui espera-se a chegada do primo menino. E, claro, as mãos não param para acabar a tempo as nossas prendas de boas vindas.

Gosto de fraldas de pano. Gosto sobretudo porque usei muitas e porque sempre as achei úteis e com a versatilidade necessária para facilitar a minha rotina de mãe a braços com um recém nascido.

As fraldas de pano também têm um significado especial para mim porque foram as primeiras coisas que cosi e bordei sem ser em ponto cruz. Foram as fraldas de pano que me ensinaram outros pontos e me fizeram ter vontade de aprender outros pontos, e foi um desafio coser os primeiros viés nas fraldas! Foi uma escola e tanto 🙂

Por isso quando há bebés novos, por norma, gosto de oferecer fraldas de pano.

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Mas esta fralda é grande, quase que serve de pequena manta, por isso pedia algo mais elaborado do que o que normalmente faço.

O carro é uma das minhas aplicações e está disponível na Loja. Optei por cosê-lo à mão, até porque o meu estúdio continua a ser um projeto em construção e as máquinas ainda não têm um lugar para ficar!

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Já a cercadura foi escolhida para lhe dar mais um ar de mantinha de verão do que de fralda. É que esta fralda é mesmo grande 🙂 Assim é uma mantinha leve e fresca mas super confortável!

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O ponto que usei é o ponto de pom-pom e embora seja fácil é trabalhoso no sentido de demorar muito tempo a fazer. Também consome imensa lã! Um novelo de 50gr inteirinho. Se sobraram 20cm foi muito! Mas fica muito giro e dá um acabamento diferente e original.

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E é um tapa bebés bem giro e com a vantagem de ser único 🙂 Não há nada como uma prenda feita à mão, com todo o carinho e ainda por cima exclusiva. Isto sim é um luxo!

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Fralda de Pano #2

Há que tempos que não fazia uma fralda de pano! Acho mesmo que não fiz nenhuma para a Sofia porque ainda tinha as da Mafalda e as da Teresa!

Esta foi um pedido especial e um grande desafio! Pediram-me para fazer a decoração da fralda que já trazia as pernas. Ao principio a ideia pareceu gira mas foi-me difícil encontrar um motivo que me parecesse razoável e que resultasse aqui. Não sei porquê mas embirro com as fraldas pintadas, e embirro ainda mais com o tipo de boneco meio “country” que vejo na maioria das fraldas pintadas. Não faz o meu estilo nem a minha linha de trabalho por isso ocorreu-me logo uma aplicação.

Mas não foi fácil decidir especialmente porque os meninos não são a minha praia e tive de sair da minha zona de conforto.

E lá saiu um elefante simpático!

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Tarefa concluida!

Sereias e Tritões

Nem acredito que Fevereiro passou sem que eu tivesse tempo de passar aqui. Não é que não tivesse coisas para contar mas, isto de ser mãe de 3 encolhe-me o tempo.

Este nosso primeiro ano na aldeia está a ser cheio de vivências novas para nós e o Carnaval não foi diferente. Aqui há um desfile da escola básica na aldeia e outro maior na sede da freguesia com todas as escolas do agrupamento, o que inclui todos os jardins de infância, escolas do 1º ciclo e depois a escola do 2º e 3º ciclo. No desfile da aldeia o traje é livre, no do agrupamento o traje é escolhido dentro de um tema que é dado pela direção do agrupamento de escolas. No final do desfile estava organizado uma “color run” para os miúdos mais crescidos e foi precisamente a “color run” que ditou que cada ciclo de escolaridade tivesse uma cor a que obedecer. Assim as crianças do ensino pré escolar desfilaram de amarelo, as do 1º ciclo de azul, as do 2ºç ciclo de verde e as do 3º ciclo de Laranja.

A partir daqui cada escola escolhia o traje. E na nossa escola os trajes foram sugeridos pelas professoras e debatidos numa reunião de pais. Houve abertura para alterar as escolhas e decidir como se fariam os fatos. E trabalhando com a cor azul foi decidido que as meninas seriam sereias e os meninos tritões.

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Por isso este ano foi ano de fazer um fato de sereia. O fato foi feito em duas peças: uma saia e uma espécie de sutiã. Eu escolhi fazer o dela em forma de concha e acolchoei. Fiz uns pespontos para dar o relevo das conchas e por cima apliquei uma fita de missangas na mesma cor, só pela graça de lhe aumentar o brilho. O sutiã prende nas costas e no pescoço com fita de organza. Na saia optei por lhe fazer uns franzidos verticais para lhe dar um pouco mais de textura, já que as saias não tinham escamas nem nada que lhes desse graça.

A cabeleira loira deu-me mais trabalho! Grande parte da lã que usei nesta cabeleira veio da trança da rapunzel que fiz em 2013, e que desmanchei porque andava para lá a ocupar espaço. Na base da cabeleira está um gorro em croché onde apliquei os fios de lã. Como a Mafalda tem uma grande cabeleira escura teve de levar imensa lã para disfarçar a escuridão do cabelo dela!

E para completar o disfarce nada melhor do que uma maquilhagem a rigor! Cortesia de uma outra mãe que teve a infinita paciência de maquilhar todas estas sereias! A sorte é que a escola é pequena!

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E que vaidosa é a minha sereia!

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Acabados os preparativos sereias e tritões prepararam-se para desfilar na aldeia do lado! E o grande desafio do dia foi fazer as meninas com as saias travadas subir os degraus do autocarro! A sorte é que são leves e pequenas e pegam-se bem ao colo!

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O desfile foi giro, bem organizado e os miúdos estavam contentes. Espantou-me ver os mais velhos empenhados e divertidos no desfile, mas o espírito era mesmo de comunidade e união.

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Muito diferente da realidade de onde viemos. Mas lá esta, é uma realidade que exige uma disponibilidade que não é fácil para quem trabalha. Este ano foi só a Mafalda, porque as pequeninas estão numa IPSS e portanto não estão abrangidas pelo agrupamento. Se chegarmos ao ponto de eu ter de fazer três fatos de Carnaval em 15 dias passo a gozar férias antes do Carnaval e não durante!

E mesmo assim não correu muito mal porque este ano eu já tinha decidido não fazer fatos de Carnaval! Acho que nos anos em que o Carnaval é tão cedo como neste ano é impossível! Ainda não estava totalmente refeita das minhas maratonas Novembro-Dezembro e já estava na altura de começar a fazer fatos de Carnaval! E na verdade ainda não descobri o método certo para conseguir fazer 3 fatos de Carnaval com o pouco tempo que tenho! Mas hei-de lá chegar!

Presépio de Meias

A nossa mudança para a aldeia implicou mudar as crianças de escola e, como aqui não há colégios a Mafalda está na escola pública e as pequenas numa IPSS. Uma das grandes diferenças entre esta realidade e a que conhecíamos antes é, precisamente, o esforço que é pedido aos Pais. Nos colégios há um grande esforço financeiro mas a escola faz tudo, compra tudo, prepara tudo, acompanha o estudo dos alunos, corrige os trabalhos de casa, está tudo incluído na mensalidade (com muito poucas excepções).

Na nossa nova realidade o esforço não é financeiro mas sim de tempo: há um grande dispêndio de tempo (que tenho tanto ou menos que dinheiro!): os pais fazem tudo, preparam tudo, compram tudo. É preciso levar comida para os lanches, todas as semanas é preciso um novo material para um novo projeto, a festa de Natal também é feita pelos pais, e mais comida para levar. Vezes 3. É bom poder fazer parte da comunidade escolar e estar mais envolvida no quotidiano escolar das miúdas, mas há alturas em que as solicitações são tantas que atender a tudo passaria a ser um emprego a tempo inteiro. E eu, ao contrario de uma boa maioria desta comunidade escolar, já tenho um emprego a tempo inteiro, que me rouba o tempo para ser uma parte mais activa desta comunidade.

Um dos “desafios” desta quadra de Natal foi um concurso de presépios em que a Mafalda quis participar. É claro que ao fim de 7 anos a ver a mãe “fazer coisas” o monstro está mais do que criado (mea culpa) e não foi nada fácil escolher um projeto que fosse viável, em termos de tempo e de materiais que já tivéssemos em casa. Ela queria fazer uma coisa muito elaborada e eu entendi que o projeto deveria ser feito em grande parte por ela, mesmo que não ficasse elegível a prémio nenhum. Ela queria lã nos cabelos e panos nas roupas e claro que bonecos nasceram!

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Os bonecos foram feitos com meias de bebé que perderam os pares. Foi uma boa maneira de fazer desaparecer 6 meias sem par! A Mafalda encheu os bonecos com o enchimento de lã, cortou as rodelas de cartão na base e as respetivas rodelas de feltro e colou os olhos. Ainda a fiz coser os cabelos de um dos Reis Magos, só para ela perceber o trabalho que dá! É claro que ela não chegou a acabar mas ficou com a ideia do trabalho envolvido nisto, e sobretudo ficou com a ideia que a mãe não é nenhum mágico a tirar coelhos da cartola ou uma fada com uma varinha de condão que faz aparecer as coisas!

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E foi só pela insistência dela que o presépio teve direito a Reis Magos, porque por mim ficava-me só pela Sagrada Familia!

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Vá que até ficaram engraçados de tão patuscos que estão! Mas não dava para fazer 3 presépios, pois não?

Chapéu de bébe

Quem, em pleno século XXI, anda nas andanças das agulhas, das linhas, dos panos e afins sabe que tem um rótulo que roça o ser desocupado e o não ter mais nada de interessante para fazer, um equivalente póas moderno da “dondoca dos bordados”.

Virtualmente conheço muitas pessoas como eu, na vida “real” poucas ou quase nenhuma, o que faz de mim um ser… estranho.

Houve alturas em que isso me fez confusão, mas para mim continua a ser fenomenal ter a capacidade de fazer quando não há feito.

Ora vê. No Carnaval fomos com as miúdas apanhar ar uns dias para fora, como podes imaginar, com as 3 miúdas e mais nós os dois, é cada vez mais difícil manter a organização e não deixar nada para trás! Dessa vez deixamos ficar em casa o gorro da Sofia. E tanta falta que ela fazia…

E houve problema? Não! Não levei o chapéu de casa mas… fiz lá um chapéu! Podia ter sido em lã mas na altura estava a trabalhar em feltro e foi em feltro que o chapéu nasceu!

Foi rápido de fazer e exclusivamente com os materiais que tinha à mão. Nada de máquina de costura nem tecidos ou lãs bonitinhas, a custo zero e ainda me diverti a fazê-lo!

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Fatos de Carnaval

E estamos no Carnaval! Nem vale a pena discorrer do quão depressa passa o tempo… Embora, enfim… Já estamos a chegar a Março e sinto que pouco mais fiz do que habituar-me a trabalhar outra vez!

Este é o 5 ano consecutivo que faço fatos de Carnaval para elas e, felizmente, está a ficar cada vez mais fácil. Vamos passear ao passsado?

2010 – Foi o primeiro grande desafio, a meias com a minha irmã. Um fato igual para mim e para a Mafalda e um fato igual para ela e para o meu sobrinho. Convenientemente não tenho fotografias minhas, mas foi assim que a Mafalda se apresentou nesse ano:

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2011 – Foi o ano da grande desilusão. Fiz um fato igual para as duas, desta vez de índia e o dia esteve péssimo, com direito a tempestade de trovoada e tudo. Não saímos de casa e o tempo esteve tão feio que acho que nem o vestimos. Por isso não há foto desse ano. Mas a Teresa vestiu o vestido de índia este ano e vá lá que conseguimos a foto. E o fato incluía umas botas e tudo!

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2012 – Foi o primeiro ano em que a Mafalda pediu uma máscara e escolheu a Sininho. O vestido foi muito improvisado e ficou com um ar patusco, embora acho que tenha resultado bem no conjunto. Teve direito a asas feitas de tule e foi a primeira vez que costurei um tecido de malha na minha máquina de costura. Não correu mal.

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2013 – foi o ano da insanidade temporária. Conduzida pela febre “vou costurar para as minhas duas filhas” decidi fazer fatos de carnaval para as duas. A Mafalda estava no ano da Rapunzel (neste ano fiz-lhe um bolo com um metro de altura em forma de torre da rapunzel!) e foi impossível achar um tecido de cor semelhante ao da Rapunzel no filme Entrelaçados. Por isso ficou lilás. A grande trança amarela foi fácil de fazer mas regressou a casa desfeita por ter andado na cabeça de toda a criancinha da escola. E não sei bem porque, foi a primeira vez que consegui por atilhos na perfeição. Bastou-me usar um martelo!

DIY Rapunzel costume

Já para a Teresa quis fazer algo mais tradicional, mais inspirado na minha infância e nos contos tradicionais. No meu tempo mascarávamos-nos de fadas e princesas, policias e indios, bruxas e afins. Não havia isto das personagens da Disney! E assim fiz um fato de capuchinho vermelho com direito a um avental e tudo! A capa foi uma grande conquista: veludo por fora e cetim por dentro!

fato de Capuchinho Vermelho

2014 – Antevendo a dificuldade de fazer vestidos em tão pouco tempo decidi que a Teresa iria usar um dos vestidos que já tínhamos e vai daí que o escolhido foi o de palhaço. A Mafalda acabou por também querer e por isso acabei por ter de fazer um vestido. Uma versão minute made! Que só o fiz ontem à tarde para ela vestir hoje de manhã! Sem moldes. Tudo de cabeça, pano na máquina e aqui vai linha e feito com os restos dos tecidos que usei em 2010! Resultou porque é um fato de palhaço!

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Comum a todos os anos é o stress de acabar os vestidos a tempo delas os usarem na escola e a promessa de que pró ano é que vai ser. Pró ano começo a fazer os fatos em Janeiro, logo depois do inicio do ano, para ter tempo de fazer tudo, nas calmas e sem stress! Talvez para o ano!

Olhando bem, vale a pena o esforço!

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