Bordar uma camisola de malha

Já te falei desta camisola no podcast. É uma camisola que eu tricotei para a Mafalda e que me serviu para aprender várias técnicas que queria explorar, nomeadamente:

  • Tricotar em redondo: down-up em raglan, para não ter de fazer costuras nenhumas
  • Bordar a camisola depois de feita, por cima das malhas em bordado tipo mexicano

O modelo que eu escolhi foi um modelo da Drops – Garnstudio, que é o modelo 89-5:

Na escolha do modelo o que eu procurei foi uma construção que se assemelhasse ao que eu queria fazer, e este modelo, se esqueceres as riscas e o Granny Square do meio, tem exactamente a construção que eu queria.

Na lã, a minha escolha foi para a lã Sirday Hayfield Bonus Aran with wool na cor petróleo. Esta lã é 80% acrílico e 20% lã e trabalha-se muito bem e é macia. Faz um ponto com muita definição e com muito boa leitura. E é uma escolha bastante económica, embora pudesse ter optado por um fio mais nobre. Soubesse eu que ia chegar ao fim da camisola e que o resultado depois de bordado era este, e tinha mesmo feito a camisola noutro fio!

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O resultado teve a aprovação de toda a gente! O que deu direito a mais pedidos para fazer mais coisas. Um dei hei-de fazer qualquer coisa para mim!

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Bordar uma camisola de malha

Então e como é que eu bordei a camisola?

Para começar, e depois de escolhido o motivo e as cores, desenhei o motivo numa folha de papel vegetal, à escala do que eu queria e já como se fosse para aplicar.

Prendi este papel com alfinetes à camisola (muitos alfinetes) mas podes optar por alinhavar, se isso te der mais segurança.

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De seguida, e antes de iniciar qualquer motivo, “desenhei” os motivos na camisola usando pequenos pespontos que fiz por cima do papel e usei estes pespontos como referencia para bordar os desenhos. Tal como podes ver na fotografia de baixo, na parte das flores. Depois dos pespontos feitos rasga o papel com jeito para não deformares as malhas e começas a bordar.

Como as malhas são largas o bordado não fica tão perfeito como se estivesses a bordar em linho ou algodão, por isso, depois dos motivos bordados, contornei todos os motivos com ponto atrás para obrigar as malhas a ficarem juntas e a fecharem o motivo. São estes pontos que vês à volta do passarinho.

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As lãs que usei para bordar foram restos de lãs, grande parte delas acrílicos da brancal. Como vês, nada de mais.

Acho que a técnica correu bem e funcionou muito bem. A única coisa que fazia diferente era usar papel de seda em vez de papel vegetal. Porque o papel de ceda é mais macio torna-se mais fácil de o rasgar sem deformar as malhas, e não se perde tanto tempo. E como é papel na mesma dá para desenhar à vontade. Mas como o que eu tinha à mão era papel vegetal, foi mesmo com este que avancei!

E gostei muito. É para repetir!

Pronta para experimentar?

Porquê usar marcadores de pontos ou malhas?

Os marcadores de malhas são auxiliares preciosos tanto para quem faz crochet como para quem faz tricot, e podem ser simples ou verdadeiras obras de bijutaria, ao gosto de quem os usa.
Existem dois tipos de marcadores, e algumas derivações deles, mas o principio adjacente é sempre o mesmo:

Marcadores redondos ou de anel:

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Não se usam no crochet e são por isso exclusivos do tricot. Estes marcadores inserem-se na agulha de tricot entre duas malhas e são passados de agulha em agulha a acompanhar as malhas tricotadas. Podem ter vários diâmetros para servirem várias agulhas. Pessoalmente eu prefiro ter um marcador ajustado a cada tamanho, porque me atrapalha ter os marcadores mais largos nas agulhas mais finas, mas não é obrigatório. Podes optar por um tamanho grande que sirva para todas as tuas agulhas.

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Há um pequeno detalhe que deves ter em atenção nestes marcadores que é o de serem ou não removíveis no caso de ficarem “tricotados”. O que é isto de ficarem tricotados? Bem, as coisas nem sempre correm como deviam e às vezes a lã e o marcador enrolam-se e fica o marcador no meio de um ponto. Não é nada de especial mas obriga-te ou a desmanchares o trabalho para soltares o marcador, ou a sacrificares o marcador se este não tiver uma forma de abrir o anel para se soltar da lã, e ficas com o marcador inutilizado. Eu como sou distraída como tudo já tive de estragar uns 3 marcadores. Mas também sou um bocado preguiçosa para estar a desmanchar…

Marcadores de gancho, clip ou fechadura

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Estes marcadores podem ser usados tanto em projetos de crochet como em projetos de tricot. Podem ter várias formas que se assemelham a alfinetes de ama, espirais de metal que se prendem como clips de papeis ou outros peças com ganchos como os dos fechos das pulseiras.
Estes marcadores são presos diretamente no ponto ou malha que se quer marcar e podem ficar fixos ou podem ser mudados de posição à medida que o projeto vai avançando. O princípio é sempre o de ficarem presos na malha e serem depois removidos.

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E para que se usam os marcadores de pontos?

Os marcadores de pontos têm vários usos em vários projetos:

Marcar o Inicio e o Fim de uma carreira

Sobretudo quando se trabalha em redondo, quer seja em crochet quer seja em tricot, é fundamental marcar o início (e o fim) de cada carreira para podermos saber em que parte do projeto vamos.
Mas no crochet linear, ou em carreiras, é muito útil usar um marcador no primeiro ponto e um marcador no último ponto. Se fazes crochet com certeza que já te aconteceu um projeto começar a afunilar e a perder pontos à medida que o fazes. Isto acontece porque muitas vezes falhamos o primeiro e/ou o ultimo ponto, e se na primeira carreira em que isso acontece não se nota muito, ao fim de umas quantas carreiras o resultado é desastroso e bem evidente. Usar um marcador em cada um destes pontos ajuda-te a saber sempre onde começas e onde acabas e assim não perdes ponto nenhum.

Marcar repetições de padrões ou de cores

Os marcadores permitem-te marcar em que ponto começas cada cor, ou em que ponto um determinado padrão acaba para dar início à sua repetição. Isto permite-te seguir o projeto sem teres de estar permanentemente a olhar para as carreiras anteriores e a contar pontos. Podes segmentar o teu trabalho com vários marcadores e assim sabes sempre onde estás e o que tens de fazer a seguir. Poupa-te imenso tempo.

Marcar os aumentos e as diminuições

Especialmente em esquemas em que os aumentos ou as diminuições ocorrem sempre no mesmo alinhamento de malhas. Evita estares a contar malhas para a esquerda e malhas para a direita.

Pontos entrançados e outros pontos fantasia

Se estiveres a trabalhar num projeto com pontos mistos, os marcadores vão assinalar o local onde deves trabalhar que tipo de ponto, uma espécie de alerta!

Marcar carreiras

Eu sei que existem uns marcadores próprios para contar carreiras, mas comigo não funcionam grande coisa. Dá-me mais jeito usar os marcadores de gancho para marcar sequências de 10 ou 20 carreiras, e depois conto os marcadores, para não ter de contar tudo.
Também podes usar estes marcadores naqueles projetos que te mandam medir X cm a partir de um determinado ponto. Se marcares esse ponto com um marcador, fica mais fácil medires porque tens sempre o ponto de referência assinalado.

Amigurimis

Os amigurimis entram na categoria do crochet em redondo, mas é fundamental marcar sempre o inicio de cada carreira. Sobretudo porque queres um boneco minimamente simétrico, o que te obriga a fazeres as pernas, os braços, as orelhas e afins, com o mesmo número de carreiras!
Mas nos amigurimis, e noutras peças pequenas, talvez queiras optar por marcadores pequeninos ou com um fio de lã numa cor que contraste.
Numa boa parte dos amigurimis, as peças que vais trabalhar cabem-te na mão e não devem ter mais de uma ou duas dezenas de pontos. Um marcador grande pode atrapalhar o processo. Por outro lado, e porque são poucos pontos por carreira, podes ficar com a sensação que perdes demasiado tempo a mudar o marcador de lugar. Nos meus amigurimis, e enquanto eles são pequenos, o que uso mesmo é um fio de lã que contraste.

Isto para te dizer três coisas:

1) os marcadores de pontos são versáteis e consegues desenrascar uma solução económica nem que seja com restinhos de lã. Cumprem bem a sua função assim. Outras alternativas económicas são so vulgares clips de papel, os alfinetes de ama ou até mesmo uma palhinha cortada em segmentos (para o tricot).
2) Independentemente da forma que escolhes para os teus marcadores eles são essenciais para simplificar a tua experiência com o tricot e com o crochet, e em muitos casos permitem reduzir a frustração porque te ajudam a não perderes tantas vezes o norte.
3) Nunca se tem marcadores de pontos a mais, ou como diriam os nossos amigos: There’s no such thing as too much stitch markers!

Apetece-te uns marcadores de pontos bonitos? Espreita na loja!

Workshop de Crochet e Tricot

Já só faltam 9 fins de semana até ao Natal! 9. Já vai sendo tempo de por em ordem as ideias e começar a organizar o programa das festas.

Já sabes que eu gosto de oferecer coisas feitas com amor e carinho pelas minhas mãos ou pelas mãos das miúdas, e sempre que consigo ser suficientemente organizada a coisa corre bem.

Este ano eu e a Filipa, que já por aqui esteve a defender o valor das coisas feitas à mão, vamos ajudar-te a fazer o teu Natal!

O que temos para te oferecer é uma maratona que começa este sábado dia 24 e acaba dia 12 de Dezembro, em cada sábado vamos fazer um workshop diferente de projetos simples que podes fazer para oferecer e de decorações de Natal que podes usar na tua casa ou oferecer e fazer as delícias de quem os receber!

Tricot ou Crochet

Para cada workshop o projeto é apresentado em duas técnicas: crochet e tricot e tu escolhes se te inscreves para um ou para outro. O resultado final é muito semelhante embora, claro, um é em tricot e o outro em crochet! Só tens de escolher qual a técnica com que te identificas mais ou com a qual tens maior facilidade de trabalhar! E sim, eu vou dar apoio ao crochet e a Filipa, a nossa Mestra do Tricot em Português, vai dar apoio ao tricot!

Os materiais estão incluídos

Todos os workshops têm o custo de 30€ e incluem os materiais. Só precisas de levar as agulhas do tamanho que indicarmos em cada projeto e a tua pessoa! Claro que se quiseres partilhar umas bolachinhas caseiras ou o belo bolo da tua avó também podes levar! Nós oferecemos o chá!

Oferta especial

Com a tua inscrição recebes um vale de 10% de desconto que poderás descontar em qualquer outro workshop desta série. E já sabes, o vale é pessoal e intransmissível!

Lisboa

Os workshops vão ter lugar no Bairro de Alvalade em Lisboa, na Rua Acácio Paiva nº 14-A. A nossa Loja anfitriã é a ComTradição e é como estar em casa!

Tardes em Boa companhia

Todos os workshops vão decorrer das 14h30 às 17h30. Lãs, agulhas e boa gente!

Programa dos Workshops

Flyers

Workshop Gola Chevron – dia 24 de Outubro

O primeiro workshop é nada mais, nada menos, do que uma Gola! As golas são versáteis e práticas e estão sempre no lugar. São uma boa alternativa aos comuns cachecóis.

A nossa sugestão é o padrão Chevron. Estas riscas são um máximo e acrescentam muito valor ao projeto. É o pormenor que torna a gola fora do vulgar e a torna adequada a qualquer pessoa, grande ou pequeno, menino ou menina. Basta escolheres as cores certas para cada um dos teus!

E o que aprenderes aqui, na elaboração desta Gola, vais poder aplicar em outros projetos!

golachevron_Misto Inscrições e Pagamento

As inscrições podem ser feitas por email para mariana@meiasmarias.com, podes ligar para a loja: 218489568, ou podes passar por lá e inscreveres-te presencialmente na loja.

Com a inscrição deves pagar 15€ ou seja metade do valor do workshop, e o restante podes pagar no dia do workshop. Se te inscreveres por email podes pagar este valor por transferência bancária ou se preferires por Paypal.

Aceita o nosso desafio e vem preparar o Natal. Feito com muito amor e sem stress, este projeto não pode falhar. Consegues ver esses pescoços bem quentinhos?

Então? Tricotas ou crochetas?

Máquina de Tricotar

máquina de tricotar 1

Já a tenho à 5 anos. Comprei-a numa das alturas em que todas as minhas estrelas se alinharam e num feliz acaso, surgido quase do nada, encontrei alguém que me quis vender exactamente o que eu queria comprar: uma máquina de tricotar!

Na altura a Mafalda ainda não tinha um ano e eu estava na minha ascenção de aprendizagem e na minha fúria de querer fazer de tudo um pouco. Estava sedenta de aprender tudo o que pudesse criar com a minha mente e executar com as minhas mãos, e cheia de determinação de experimentar coisas novas.

Foi um bocado como comprar um carro sem saber conduzir, e na verdade continua a ser assim. Mas em relação ao tricot, verdade seja dita, sempre foi das coisas que menos gozo me deu fazer, por me parecer que demora sempre tanto tempo e exige sempre tanta atenção! Por isso encalhei na ideia da máquina, achei que seria mais divertido e sobretudo mais rápido.

Até porque umas das minhas recordações de infância é precisamente ver uma prima da minha mãe a tricotar numa máquina, com uma rapidez incrível. Mas nesse tempo a Singer ainda era a Singer e quando se comprava uma máquina comprava-se também as aulas para aprender a usá-la. É pena mas esses dias acabaram.

E foi assim que hà 5 anos atrás tentei por a máquina a trabalhar, e mesmo lendo e relendo as instruções, e fazendo passo por passo cada instrução, nunca consegui mais do que uma grande emaranhado de lã nas agulhas. Claro que ter uma criança tão pequena não facilitou em nada a minha dedicação à resolução destes problemas. E nessa altura não havia informação quase nenhuma na internet que me ajudasse a trabalhar com a máquina. Estavamos em 2008 e é fantástico o quanto as coisas mudaram. Hoje hà centenas de videos no youtube!

Moral da história: a máquina acabou arrumada dentro das caixas e posta de parte até um futuro com horas mais cheias de tempo.

Mas depois aconteceu ISTO e fiquei cheia de vontade de voltar a montá-la! E tive uma sorte porque a Filipa é uma querida e disponibilizou-se para me ajudar a perceber a mecânica da coisa e dar-me umas dicas para começar.

E o vida tem mesmo destas coisas, o que eu não conseguia fazer e que me impedia de começar os trabalhos, a Filipa ensinou-me com um atalho e com uns vídeos no youtube passou a ser tão fácil e rápido como comer uma bolacha!

O que quer dizer que por esta altura já sei acelerar e travar o meu “carro” mas ainda me falta tanto, mas tanto para aprender! Até porque a máquina tem imensos suplementos e acessórios para trabalhos especiais que fazem coisas lindas!

Agora que a minha máquina de tricotar está finalmente operacional não se admirem se no Natal vos calhar de prenda um cachecol!

máquina de tricotar 2