Modelos Holland Design

O verão já chegou e com ele as férias e como é já habitual por aqui, é tempo de ir de férias, que o blog também precisa delas!

A Silly Season é mesmo assim e ao longo destes anos todos de blog descobri que não gosto dos meses de verão no blog. Em primeiro lugar porque o tempo está bom e não há desculpa para ficar em casa, em segundo lugar porque tu também não estás aí desse lado! Eu sinto menos pressão para produzir conteudos e não fico com a sensação de estar a excluir quem está de férias!

O verão é mesmo assim, viver ao máximo e aproveitar. O outono em breve estará de volta e nessa altura temos todo o tempo para retomar este espaço! Poder ser até que aconteça alguma coisa digna de reporte e, nesse caso, cá nos encontraremos. Doutra forma vamos mas é aproveitar estes meses de sol e praia.

Mas não quero fechar a temporada sem ter tudo em ordem e tenho um trabalho para te mostar que tenho vindo a adiar desde o inicio do ano. É que isto de ter um blog que assenta nas fotografias obriga a ter fotografias razoáveis, e neste caso não tenho.

O que te quero mostrar são duas camisolas em crochet que fiz para as miúdas. Na verdade fiz 3 mas, lá está, falharam as fotografias. Não só não houve tempo como não houve disponibilidade dos modelos fotográficos!

Os modelos de crochet são da Holland Designs, escritos em inglês americano, muito simples de fazer, embora seja necessário converter os pontos porque a terminologia deles é diferente da nossa.

O que eu gostos nestes modelos é que os pontos são muito diferentes do que normalmente vemos e as peças ficam a parecer tricotadas em vez de crochetadas, mas estes pontos são apenas variações dos pontos básicos e são mesmo simples e rápidos de fazer. Para mim, infinitas vezes mais rápidos do que em tricot.

Usei o modelo Peasant Top para fazer uma camisola para a Teresa e para a Mafalda.

crochet girl sweater

Mas acabei por alongar as mangas. As instruções não referem as mangas mas não vais ter qualquer dificuldade em acrescentar os pontos para as fazer. Na hora de fazer mangas fico sempre um bocadinho na dúvida. Por um lado porque gosto muito de mangas a 3/4 e por outro porque detesto mangas muito compridas em crianças, só atrapalham e acabam numa sujeira desgraçada.

Na camisola da Teresa deixei-as ficar a 3/4 mas acabei por achar que ficou um bocadinho com o ar de ser uma camisola um número abaixo do dela! E fiz a camisola às riscas porque não tinha lã de uma cor só que chegasse para fazer a camisola toda. Há alturas na vida em que temos de gastar as quantidades loucas de materiais que temos! E a ideia foi mesmo aproveitar o que já tinha em casa, e resistir à tentação de comprar mais lã!

Já na camisola da Mafalda (sem foto) optei por usar uma só cor que foi o preto e fiz as mangas compridas. Também na camisola da Mafalda optei por rematar a fita do pescoço com duas flores grandes em crochet para lhe acrescentar um pouco mais de graça. A escolha da lã em preto foi só porque tinha quase um quilo de lã preta nas minhas prateleiras e achei que ela já tinha tamanho para gastar parte dela!

Já para a Sofia optei por um casaco mas cometi o erro básico que foi escolher o tamanho de forma optimista. Ou seja quando comecei a fazer o casaco a Sofia tinha acabado de fazer 1 ano por isso eu escolhi o tamanho 18 meses. É claro que pela altura em que o acabei ela já quase que tinha tamanho para usar o de 2 anos. O que significa que o usou poucas vezes até porque depois o frio chegou em força e este casaco já não serve para o frio do Montejunto.

O modelo é o SHAWL COLLARED CARDIGAN e é sem dúvida um modelo a repetir.

girl crochet sweater

O modelo pede as mangas curtas e eu, para acabar a lã roxa, alonguei-a um pouco mais mas já não chegou a manga comprida! Também é muito fácil de fazer e olhando para o modelo parece bem mais complicado do que na verdade é.

Melhor feito que perfeito e as minhas filhas ainda estão na fase de se sentirem mimadas com estas coisas, por isso para mim é sempre uma enorme recompensa vê-las contentes a usar as coisas que lhes faço.

Dá uma espreitada a estes modelos. O bom é que também tem coisas para meninos, para as mães de meninos não terem desculpa.

Vá, aventura-te! O verão está a chegar e está mesmo a pedir um projeto a uma agulha! E se precisares de orientação ou umas dicas, eu estou por aqui.

Moldes de Costura Mccall’s 6496 & Mccall’s 6685

Uns bebem para esquecer. Eu coso. Como se não houvesse amanhã.

Passou pouco mais de um mês desde que me decidi por esta empreitada, e não fosse precisar mesmo de ter a cabeça ocupada num projecto megalómano, não me tinha deitado a isto. Mas as coisas são como são e um casamento é um casamento.

Ao longo deste mês partilhei no facebook algumas fotos do andamento do processo, mas porque as fotos são fraquinhas e porque não acrescentam grande valor, ficou pelo facebook, e só agora é que dá um post.

Então voltamos ao final de Abril, altura em que recebi um convite para um casamento e meti na cabeça que havia de fazer os vestidos das miúdas. 3 vestidos em pouco mais de 1 mês foi o desafio.

O primeiro passo foi escolher o modelo do vestido. Como as minhas decisões nestas matérias são quase sempre impulsivas, gosto de comprar moldes de costura que possam ser comprados em formato digital, na hora em que decido, sem ter de esperar pelo correio, e para poder começar a trabalhar logo, no fogo da paixão.

É claro que nestes moldes de costura digitais, apesar de serem mais baratos do que os que vêm em papel, temos de imprimir tudo em folhas A4 (eu não tenho impressora A3) e depois colar tudo com fita cola para montar aquelas folhas gigantes dos modelos.

Há já muitos anos que compro os modelos na SewingPatterns.com, têm imensas marcas de modelos, dos mais fáceis aos mais complicados. Tem roupa de senhora, homem, criança, acessórios, elementos de decoração da casa, aventais, bonecos… Tem tudo. E tem também um apoio ao cliente fora de série.

O processo é fácil e rápido. Depois da compra é criada uma conta de utilizador numa aplicação online que depois instala um pequeno software no computador que permite criar um ficheiro pdf do modelo fraccionado. Esta aplicação permite depois imprimir o ficheiro com toda a comodidade. Segue-se a fase muito chata de colar tudo em colunas e linhas para formar a tal folha grande e daqui para a frente é só usar.

Podes cortar directamente as peças que precisas, porque o sistema não tem cópias limitadas e o ficheiro é teu para sempre. Se voltares a este modelo podes imprimir tudo outra vez. Ou então usa papel vegetal para copiares os moldes.

Eu escolhi dois modelos, e por acaso, eram os dois da Mccall’s. Trabalhei com o m6685 e com o m6496. Mas acabei por misturar as partes! Queria fazer 3 vestidos diferentes mas com elos de ligação. Assim, o da Mafalda é a versão integral da vista D do modelo 6685, que é a que está na foto. Já para a Teresa usei o mesmo corpete mas com a saia da vista C do modelo 6496.

mccalls6685

MCCALL’S 6685

mccalls6496

mccalls6496

A Sofia teve direito a uma mistura do corpete da vista A com a saia da vista B do modelo 6496. Foi uma alegria juntar as partes!

Os tecidos foram comprados na Tecidos.com.pt, não é a minha loja preferida de todos os tempos, mas tem bons tecidos e uma boa variedade de tipos de tecidos. É fácil encontrar materiais e padrões que não se encontram nas lojas de rua, e está sediada na Europa (Alemanha), o que simplifica a coisa das alfandegas. Ainda assim, estando na Alemanha demora, na melhor das hipóteses uma semana inteira a chegar às nossas mãos. Os portes não são descabidos mas podia ser mais rápido todo o processo de expedição e envio.

E para grande espanto meu consegui completar os 3 vestidos dentro do prazo que me propus, o que soube lindamente, embora tenham existido alturas em que duvidei que fosse conseguir.

O que não consegui fazer foi uma bela sessão fotográfica com as minhas modelos. Só fotografei mesmo no dia do casamento, que foi no Alentejo, debaixo de um calor absurdo, e elas estavam entediadas e sem disposição para poses!

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Vistas de costas não parecem tão aborrecidas!

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A Sofia estava por conta dela, e desde que a deixassem cirandar estava sempre bem disposta!

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Aprendi muita coisa neste processo e trabalhar com este tipo de tecidos rendados foi um desafio. A sorte é que estes tecidos abafam naturalmente as imperfeições. Uma das coisas que me surpreende sempre é a forma como somos tão exigentes com a perfeição das costuras das coisas que fazemos, e depois somos capaz de dar uma barbaridade de dinheiro por uma peça de roupa e se formos ver as costuras ao pormenor, parecem cosidas por um bêbado ou um cego!

Da próxima vez tenho de ser menos trapalhona nos cortes. É que o entusiasmo e a vontade de começar a coser faz com que no fim seja preciso desmanchar e acertar. Como quando cheguei aos fechos e não conseguia alinhar as partes esquerda e direita de modo a ficar certinho! Ainda me valeu a minha mãe a explicar-me como é que a minha avó trabalhava os franzidos das saias! Sempre a aprender.

Fiquei muito feliz com os 3 vestidos e ainda bem que me propus a fazê-los. Se tivesse de escolher um como o meu preferido escolhia o da Sofia! Não sei se é de ser mais pequenino, se é de ter mais cores, mas é sem dúvida o meu preferido. E tu? Qual eleges?

As 4 fases do Luto

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Disseram-me que devo fazer o luto.

Acho que nunca fui boa nisto e sempre acreditei que de uma forma ou de outra, o tempo trata disso, melhor ou pior. Mas como nunca me disseram que eu devia fazer luto, estou a dar o beneficio da dúvida, e se calhar é mesmo isso que eu preciso.

Nesta minha tentativa de fazer o luto, precisei de perceber o que é afinal isto do luto. Parece que se aplica também a outras perdas, que não só as perdas daqueles que nos são importantes.

A verdade, e se calhar é por isso que isto me é difícil e confuso, é que eu não perdi nada. Mas não tendo perdido nada tudo mudou. Ou está a mudar. Ou já mudou mas continua a mudar.

Neste processo o meu sonho morreu, deixei de acreditar, vi coisas que pensei que a história já tinha ensinado, e vi outras coisas que me chocaram para além do que as palavras podem expressar. E claro, perdi a vontade e a motivação para continuar neste caminho.

E diz que preciso fazer o luto de tudo isto.

Diz também que o luto tem 4 fases: a negação, a raiva, a depressão e a aceitação.

Acho que ainda estou na negação, porque tudo me parece demasiado surreal para ser verdadeiro e continuo à espera que alguém chegue e ponha cobro a isto. Mas sei que isso não vai acontecer, embora permaneça sempre essa esperança que tudo volte ao que era. Depressa se faz favor.

Raiva não senti nunca. Espanto, incredulidade e uma certa angústia associada sempre à sensação de impotência de não poder fazer nada. NADA.

A depressão chega mais logo, quando deixar este lugar para entrar noutro que me é estranho. Quando tiver que sorrir e segurar a compostura profissional em frente a pessoas que (ainda) não me são nada. Quando tiver de me forçar a empenhar-me na construção de relacionamentos que não me apetece construir. Quando finalmente pesar a distância destas outras pessoas que foram a minha família durante 6 anos. Quando o corpo se ressentir da distância cada vez maior. Quando tudo for novo e desconhecido. Aí sim, chega a depressão. Por agora só uma tristeza imensa que se esconde o melhor que se pode. Chorar é tão inútil.

E depois há-de ser tudo normal outra vez. As coisas redefinem-se e assentam, e eu adapto-me e evoluo e, com sorte aprendo mais qualquer coisa. Por essa altura creio ter chegado a aceitação.

Por agora é esta tristeza imensa, esta falta de vontade das horas que se seguem.

Mas é, para mim, hora de fechar esta porta, e isso é mais uma coisa que eu não posso mudar.

Desejem-me sorte.