Crochet Moderno

O Croché foi das poucas coisas que a minha avó teve paciência para me ensinar e o que sempre gostei no crochet foi o conseguir perceber a cada momento o que tinha de fazer para obter determinado resultado.

Sempre achei que era versátil e facilmente ajustável a cada necessidade, para além de ser muito rápido e poder ser feito tanto com lã como com linha, e até com outros materiais como as fitas de tecido, os plásticos e afins.

Mas durante muito anos o crochet foi para mim mantas de lã e naperons para todas as divisões da casa, da cozinha ao quarto, passando por todos os móveis, mesas e mesinhas que ficassem pelo caminho. Em casa dos meus pais os naperons era mudados religiosamente todas as 6ª feiras, tal como os lençóis das camas!

E a minha avó tinha sempre um trabalho de crochet no saco, que fazia nas horas de ócio em que se permitia sentar em frente à televisão. Por causa dela tenho um saco cheio de naperons, em conjuntos muito aprimorados e cuidadosamente estudados para cada divisão, que nunca uso mas que sou totalmente incapaz de me desfazer deles.

Mas nos nossos dias o crochet é mais do que isso, e é nesta descoberta que eu tenho andado entretida desde o inicio do ano.

Estas fotos foram tiradas em Constância em Maio deste ano e deixaram-me rendida ao encanto da cor. A iniciativa parte de um projeto social de combate à solidão e o trabalho foi feito por quem se quis juntar à iniciativa.

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E sabes que mais? Adorava ter um barco “vestido” assim! E fiquei totalmente rendida às cores e a este novo crochet. Afinal há mais no crochet do que naperons!

Viver na Aldeia

Mudar de uma freguesia com quase 20 mil habitantes para uma freguesia com pouco mais de 3 mil.

Mudar de um sitio com 5 mil habitantes por Km2 para um sitio com 85 habitantes por km2.

Viver numa aldeia. Respirar o ar fresco da serra pela manhã. Acordar com vontade. Adormecer feliz.

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Ver o sol nascer num horizonte limpo.

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Ter espaço para brincar.

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Semear, plantar, ver crescer e mais tarde poder colher.

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Re-adoptar a Nadir que me acompanha desde os meus 15 anos e que só agora saiu de casa dos meus pais. Lamentar que a Zénite não tenha sobrevivido até aqui para conhecer o lago que sempre lhes quis dar.

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Cumprir uma promessa antiga e ir ainda mais longe do que isso: em vez de um gato adoptar dois gatos, a Lola e a Mimi, e relembrar o que é viver com um gato. Aprender a controlar o impulso de querer adoptar todos os gatos infelizes e miseráveis que encontro.

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Conhecer novas pessoas. Fazer novos amigos. Manter o essencial intacto. Sentir-me em casa.

Voltar a andar de comboio. Ter 1 hora só para mim. Reacender a paixão pelo crochet.

Fazer novos planos e desistir de outros já velhos.

Aos poucos vamos fazendo o caminho e chegando mais perto de onde queremos estar.