Bonecas Waldorf #2

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Quando me decidi a fazer a primeira boneca Waldorf (podes ler mais aqui) já sabia que tinha todo o potencial para se tornar um vicio. Claro que sendo eu como sou, desafiei-me a criar a minha própria boneca, com o meu próprio modelo. O que parece fácil afinal, uma cabeças, um tronco, dois braços e duas pernas não devem ser assim tão fáceis de fazer certo?

Talvez. Mas eu tenho um problema com as escalas. Sempre tive e já perdi a esperança de deixar de ter. Só para veres, quando era pequena havia uma cadela que na minha memória era tão grande como um pastor alemão e foi uma desilusão para mim saber que a cadela afinal não tinha mais do que dois palmos mal medidos! E se tenho de dar indicações a alguém e desenhar mapas, o mais certo é precisar de toda uma folha A3, porque começo a fazer estradas e rotundas e facilmente deixo de ter folha para chegar ao destino, e pior, se tiver de fazer uma planta de uma casa, esquece, é o desastre total!

Isto tudo para dizer que a primeira cabeça que fiz para a primeira boneca me pareceu muito pequena. Na minha visão distorcida por este problema, a boneca portadora desta cabeça ficaria muito mais pequena do que eu tinha idealizado. Então fiz uma segunda cabeça maior, e depois um corpo a condizer, e o resultada foi a boneca sobre a qual já escrevi, e que acabei por achar que era, imagina, grande demais para ser usada por crianças pequenas.

Voltei então à primeira cabeça decidida a acabá-la e a dar-lhe um corpo condigno! Comecei pelo fim, o que também é tipico de mim, e fiz-lhe o cabelo antes de tudo o resto.

Agora vou desenhar um modelo para o corpo, que sirva na perfeição esta cabeça.

Planear um bolo

Outubro está a chegar ao fim. Outubro é, para mim, aquele mês do ano que quase não existe. Passa tão rápido que eu nem dou conta do tempo passar. Passa ainda mais rápido que as minhas férias.

Porquê? Porque grande parte deste mês é gasto a organizar as festas de ano do mês de Novembro. Pois, são duas e seguidas, com quatro dias de intervalo, mais a familia e os amigos. Normalmente é uma maratona! O ano passado fiz 4 bolos de aniversário em menos de 7 dias, fora o resto! Foi obra!

Este ano, e porque estou de licença de maternidade quero aproveitar para fazer as coisas com calma e ao mesmo tempo quero aproveitar para me “perder” na cozinha, coisa que geralmente não tenho tempo para fazer. Por isso ando à procura de coisas novas para fazer, massas de bolo diferentes do que normalmente faço mas que sejam compatíveis com o nosso gosto e com a apresentação que elas querem.

É que por cá elas já se habituaram a numa mãe que faz tudo, incluindo os bolos de aniversário mais giros que elas já viram. É mesmo sem modéstia! É claro que há bolos melhores e mais bem feitos mas elas é que ainda não os viram! Os meus, por agora, ainda estão no topo da lista!

E assim sendo tenho andando de volta dos bolos, a construir o conceito de cada um dos bolos, para ser o que elas pediram e ainda assim ser capaz de lhes arrancar aquele ar de surpresa/espanto/fantástico que me deixa tão feliz.

Então e como se chega ao bolo (quase) perfeito? Pois bem, o primeiro passo para um bolo (quase) perfeito é…

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Parece assim tão estranho? Desenhar o bolo permite ter noção da quantidade de bolo que vais precisar. Eu gosto de bolos com 3 andares, mas para não ter uma quantidade infinita de bolo, optei por comprar formas com diametros mais pequeno. Assim posso na mesma empilhar bolos, mas bolos mais pequenos.

Também te dá uma ideia dos materiais que vais precisar de comprar. Se já entraste numa loja de decoração de bolos sabes que é dificil, quase impossivel, não sair de lá completamente falida! Há tanta coisa, tão gira, com milhões de possibilidades… Saberes exactamente o que vais fazer (ou quase!) ajuda-te a manteres a mente no essencial e a deixares de lado o acessório.

Desenhar um bolo também serve para perceberes o tipo de massa de bolo que vais ter de usar. Porquê? Massas muito leves e fofas, do tipo pão de ló, não servem para empilhar. O peso das camadas seria suficiente para esborrachar as camadas, e a própria pasta de açúcar contribuia para deformar o bolo. Por isso massas deste tipo só mesmo em bolos de uma só camada.

Os bolos de várias camadas devem ser de uma massa mais compacta, não é preciso ser tipo brownie! Basta uma massa mais para os lados do bolo de iogurte normal, que fica leve mas com alguma consistência. Depois é só escolheres que sabor vai ter o teu bolo!

Ora aqui é sobretudo uma questão de gosto pessoal, e também de adequares o bolo às bocas que o vão comer, especialmente quando há crianças. E é nesta demanda, de receitas novas e boas, que eu ando. O que quer dizer que tem havido bolos, muitos bolos….

Nesta fase de testes convém haver uma forma de escoar os bolos em excesso… até porque já não estando grávida já não tenho grande desculpa para comer bolos alarvemente! E desta vez calhou à educadora da Teresa e à professora da Mafalda!

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Os bolos foram decorados por elas, ao gosto delas. Eu fiz os remates finais, e sabes que mais? Decorar bolos é uma boa atividade para fazer com elas: estão entretidas, desenvolvem a motricidade fina e a cordenação, sacodem o pó à criatividade e é tempo de qualidade que passamos juntas!

E tu? Quais são os teus truques para bolos perfeitos?

Como organizar uma festa

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Já muito se escreveu sobre como organizar festas de anos e sobre as melhores estratégias para as organizar sem stress. Para mim é um assunto recorrente por muitas razões! Em casa dos meus pais sempre foi hábito reunir a família para comemorar os nossos aniversários e como a nossa família sempre foi grande e próxima, organizar as festas foi sempre um grande exercício de logística!

Depois de casar herdei uma outra família, igualmente grande e próxima, o que faz com que as festas de anos cá em casa sejam um autêntico desafio estratégico! Porquê? Porque receber mais de 30 pessoas num espaço onde habitualmente 4 pessoas já se atropelam obriga a repensar esse espaço e criar alternativas que sejam confortáveis para todos. Há que adaptar o espaço e reinventá-lo! Ainda é necessário considerar que cozinhar para 30 pessoas não é o mesmo que cozinhar para 4, para 8 ou para 12 pessoas. Até porque é fisicamente impossível sentá-las todas à mesa em simultâneo. E claro, há o orçamento! Infelizmente não sou rica e mesmo que não queira o orçamento é sempre uma preocupação.

E há ainda o pormenor de que as Marias mais velhas fazem anos na mesma semana, o que me obriga a tornar a festa de anos que têm em conjunto especial e única como se não a estivessem a partilhar.

Normalmente começo a organizar as festa com 1 mês de antecedência. Parece muito cedo não parece? Pois, mas não é. A primeira coisa a fazer é a Lista dos Convidados para te dar um numero aproximado de pessoas. Provavelmente só vais ter um número definitivo no próprio dia, com os imprevistos e as doenças súbitas, mas isso é normal, especialmente se há muitas crianças na tua família. De qualquer forma sabes que há sempre aqueles que não podem faltar como os avós e os tios em primeira linha!

Assim que tiveres uma estimativa do numero de pessoas podes começar a pensar na Ementa da Festa. Este é um passo difícil para mim, porque é nesta altura que aproveito para experimentar novas receitas e para ser um pouco mais ousada na forma como cozinho. E é aqui que tens o maior desafio de racionalização porque deves assegurar que tens comida que chegue para todos os teus convidados mas sem caíres no excesso de andares a comer sobras durante duas semanas. É difícil, eu sei. Eu mesma ainda estou a aperfeiçoar esta arte. O meu problema não é tanto o ter medo que a comida não chegue mas mais o querer fazer muita coisa, porque raramente faço e esta festa é uma grande oportunidade para me expressar pela culinária. É uma razão um bocado egoísta!

Se tens familiares que também gostam de cozinhar conta com as coisas que eles vão levar, e se não gostas de cozinhar aproveita para sugerires que levem alguma coisa para a festa. Sempre te liberta o trabalho!

E como é que se escolhe a ementa? O número de convidados faz toda a diferença. O primeiro critério a considerar é se consegues ou não sentar toda a gente à mesa. Se não consegues tens de arranjar uma refeição que não precise de faca e garfo para ser comida, algo que já esteja partido e que se consiga comer apenas com o garfo. O bacalhau com natas, o arroz de pato ou de carne, o strogonoff, as bolonhesas, pratos de massas, rojões e outras coisas similares poderão ser boas opções.

O segundo critério que deves considerar é a hora a que vais fazer a festa. Importa saber se é almoço, jantar ou um lanche ajantarado como por cá lhe chamamos. Para mim o usual é começar a festa às 16H00 mais ou menos. A mesa fica posta com salgados e doces, aperitivos e bebidas, queijos e patés com tostas e pão e outras coisas mais. Os convidados vão comendo e bebendo conforme lhes apetece. Por volta das 20H00 (mais por causa dos miúdos) sirvo uma sopa, e ponho um prato principal na mesa com os respectivos acompanhamentos, normalmente as sobremesas de colher só as ponho depois do jantar. Nem todas as pessoas têm barriga para jantar mas é fundamental servi-lo se existirem crianças porque estão tão embrenhadas nas brincadeiras que pouco ou nada comem durante a tarde.

E o terceiro critério é atenderes à existência de crianças. Poderás optar por ter uma refeição à parte só para elas ou optares por um prato mais convencional que todas as crianças gostem. Com tanta coisa para fazer eu escolho um prato de agrade à maioria dos gregos e dos troianos 🙂

Quando tiveres a ementa fechada podes dividir as tarefas e ver quando precisas de ir às compras, o que precisas de comprar, o que necessita ser feito com antecedência e com quanta antecedência. Se vais encomendar o bolo de anos ou salgados fá-lo também com antecedência para teres as certeza que nada falha no dia. Se vais fazer o bolo podes dedicar-te a programar a forma como o vais executar e ainda tens tempo de experimentar novas receitas!

Normalmente duas semanas antes é altura de convocar as massas e formalizar os convites. Isto dá tempo aos teus convidados de organizarem as suas agendas e programarem o seu tempo.

Se estiveres a organizar uma festa de aniversário para crianças vais ainda precisar deste tempo para tratar da decoração e eventualmente dos convites. Os miúdos escolhem sempre um tema e nós temos tendência a segui-los. Por ser uma festa das duas, e porque este ano elas querem coisas diferentes, tenho o enorme desafio de articular as Monster High com a Minnie no mesmo espaço! E com o tempo que ainda tenho até lá espero conseguir uma iluminação criativa que me permita resolver este imbróglio!

No dia da festa deves ter o mínimo de coisas para fazer, só mesmo o que só pode ser feito no dia, para poderes desfrutar da tua festa e dos teus convidados sem estares em stress da cozinha para a sala e vice versa!

Espero que o meu método te ajude a tornar a organização de festas mais ligeira e divertida! E para te ajudar ainda mais ofereço-te um ficheiro com os meus planeadores! Tens a ementa da festa, dois formatos de listas de compras, lista de convidados e a calendarização da festa!

Plano das Festas

Partilha comigo as tuas estratégias para tornar uma festa de anos perfeita! Vemo-nos na caixa de comentários!

Máquina de Tricotar

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Já a tenho à 5 anos. Comprei-a numa das alturas em que todas as minhas estrelas se alinharam e num feliz acaso, surgido quase do nada, encontrei alguém que me quis vender exactamente o que eu queria comprar: uma máquina de tricotar!

Na altura a Mafalda ainda não tinha um ano e eu estava na minha ascenção de aprendizagem e na minha fúria de querer fazer de tudo um pouco. Estava sedenta de aprender tudo o que pudesse criar com a minha mente e executar com as minhas mãos, e cheia de determinação de experimentar coisas novas.

Foi um bocado como comprar um carro sem saber conduzir, e na verdade continua a ser assim. Mas em relação ao tricot, verdade seja dita, sempre foi das coisas que menos gozo me deu fazer, por me parecer que demora sempre tanto tempo e exige sempre tanta atenção! Por isso encalhei na ideia da máquina, achei que seria mais divertido e sobretudo mais rápido.

Até porque umas das minhas recordações de infância é precisamente ver uma prima da minha mãe a tricotar numa máquina, com uma rapidez incrível. Mas nesse tempo a Singer ainda era a Singer e quando se comprava uma máquina comprava-se também as aulas para aprender a usá-la. É pena mas esses dias acabaram.

E foi assim que hà 5 anos atrás tentei por a máquina a trabalhar, e mesmo lendo e relendo as instruções, e fazendo passo por passo cada instrução, nunca consegui mais do que uma grande emaranhado de lã nas agulhas. Claro que ter uma criança tão pequena não facilitou em nada a minha dedicação à resolução destes problemas. E nessa altura não havia informação quase nenhuma na internet que me ajudasse a trabalhar com a máquina. Estavamos em 2008 e é fantástico o quanto as coisas mudaram. Hoje hà centenas de videos no youtube!

Moral da história: a máquina acabou arrumada dentro das caixas e posta de parte até um futuro com horas mais cheias de tempo.

Mas depois aconteceu ISTO e fiquei cheia de vontade de voltar a montá-la! E tive uma sorte porque a Filipa é uma querida e disponibilizou-se para me ajudar a perceber a mecânica da coisa e dar-me umas dicas para começar.

E o vida tem mesmo destas coisas, o que eu não conseguia fazer e que me impedia de começar os trabalhos, a Filipa ensinou-me com um atalho e com uns vídeos no youtube passou a ser tão fácil e rápido como comer uma bolacha!

O que quer dizer que por esta altura já sei acelerar e travar o meu “carro” mas ainda me falta tanto, mas tanto para aprender! Até porque a máquina tem imensos suplementos e acessórios para trabalhos especiais que fazem coisas lindas!

Agora que a minha máquina de tricotar está finalmente operacional não se admirem se no Natal vos calhar de prenda um cachecol!

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Largar a Chucha

Esta é a história de uma criança, perfeitamente normal na sua forma única de ser atípica, que se esqueceu e da sua mãe, cuja normalidade é questionável, que desse esquecimento se aproveitou.

Ora, esta criança tinha, à data dos acontecimentos, 2 anos 9 meses e meia dúzia (mal contada) de dias. A idade da mãe não é relevante para a história.

Chegado o Verão e a época de veranear por esses areais fora, a criança foi sendo convencida que a sua amiga inseparável, aquela com quem partilhava os dias de manhã à noite numa relação de intimidade inquebrável, não era afinal a metade perfeita.

Passo a explicar. É que esta amiga não gostava nada de praia. Era muito medrosa com a água, quer fosse da piscina ou do mar e abominava areia, é que nem podia sentir um grãozinho que fosse. E também não gostava de parques infantis nem de andar ao sol. De um dia para o outro o único interesse que esta amiga parecia ter era dormir, de noite ou de dia, coisa que a criança estava pouco interessada em fazer.

Depois a criança foi veranear com os avós, primeiro com uns, depois com outros, e novamente com os primeiros, porque como se sabe os avós têm aquele doce e desregrado mimo que os pais, precisamente por serem pais, não têm.

Quando regressou a casa tinha mais uma irmã, bebé, mesmo bebé, tão bebé que todo o conceito de bebé mudou na sua cabeça de criança.

Ora a mãe, dividida em três e um quarto, foi gerindo o tempo e o espaço de cada cria e foi com muita alegria que assistiu a esta criança distanciar-se do paradigma do “eu quero ser bebé”. A criança mudou, evoluir, cresceu.

E pois que há uma noite em que já depois das crias estarem deitadas a mãe repara que a criança e a sua amiga (antes) inseparável já não estão juntas. A mãe, sendo a mãe que é e antevendo uma crise de saudadite aguda às 3 da manhã, aconchega a amiga (antes) inseparável (inutilmente) debaixo da almofada da criança.

De manhã a criança e a amiga não são vistas juntas, facto que levanta alguma suspeita a esta mãe tão atenta.

Na noite seguinte, a mãe de orelha à coca, que isto de ser mãe tem destas coisas, e para quem é mãe ou bom entendedor apenas estas palavras bastam, permanece alerta para este separatismo tão atípico nesta fase. E já depois desta cria estar deitada ouve-se ecoar no silencio da casa a sua voz chamando a sua mãe.

Pensamento obvio assola a mente da mãe: a criança lembrou-se! Pois que vai a mãe, toda ela vestida de desentendida, ver se a coisa cola assim ou se é preciso mais qualquer coisa, e quando chega à beira da sua cria é surpreendida com a frase: falta a minha água! Não posso dormir sem a minha água!

Ah! Santa filha se o que te falta é a àgua, pois toma lá a tua àgua!

E vá que a criança não se lembrou mais da sua amiga e está bom de ver que a sua mãe disso se aproveitou e não a voltou a lembrar.

E foi mais ou menos assim que a Teresa, quase de um dia para o outro, se esqueceu que usava chucha. Sem sofrimento, sem birras e sem trauma. A chucha ainda foi na mochila para a escola nos primeiros dias, mas só para ela me dizer, como quem está profundamente ofendida, que já é crescida e não usa chucha.

E foi mesmo assim que eu, mãe oportunista de todas as oportunidades, me aproveitei do seu esquecimento para lhe tirar a chucha.

Duas já estão, à data a que escrevo este post fica a faltar uma!